sexta-feira, 8 de abril de 2011

"Subamos a Jerusalém"!

Adensa-se a tensão entre Cristo e os «fariseus» na Sua subida a Jerusalém! A Sua Palavra, os Seus gestos, o Seu projecto, está a tornar-se insuportável; aqueles ouvidos e corações entorpecidos e anestesiados pela mediocridade e a mesquinhez espiritualista não conseguem mais «aguentar» essa voz incómoda, verdadeira, reveladora do autêntico rosto do Pai!
Há que silenciá-l'O; urge terminar com Esse «agitador» de consciências e de corações que põe em risco o «sempre foi assim», a «ordem» desorganizada da religião, a perversidade dos actos, pensamentos e vida dos «donos de Deus»!
Intensifica-se a perseguição, aumenta a condenação e a calúnia, num gigantesco processo discriminatório que culminará no Madeiro da Cruz!

Este agir de uns quantos pode parecer-nos, hoje, reflexo de um passado distante que já não volta, de uma realidade ultrapassada inconcebível no «agora» do nosso peregrinar e na vivência da nossa fé! Todavia, importa estar atento e intentar perceber se a nossa vida, a nossa fé, a nossa religiosidade, a nossa espiritualidade, a nossa adesão ao Evangelho estarão absolutamente desprovidas dessas atitudes «farisaicas» que afirmamos repudiar!
A Quaresma - e já estamos a finalizar a quarta semana - é tempo favorável para repensar a nossa fidelidade e verdade à fé, a Jesus Cristo, ao Seu Evangelho; é ocasião renovada de aferir a nossa identidade cristã e ousar purificar os «sentidos» do anti-Evangelho que permanece bem dentro de nós.
Ao vislumbrarmos a Páscoa já no horizonte, importaria um profundo e sério exame de consciência, pessoal, colectivo, a fim de nos questionarmos, autenticamente, se estamos a caminhar com O «homem das dores», Aquele que «não tem aparência nem beleza que atraia o nosso olhar» ou se, ao invés, estamos a dirigirmo-nos para o abismo de uma páscoa sem Cristo, sem lava-pés, sem gratuidade, sem disponibilidade, sem partilha generosa, sem «morte» do «homem-velho» que nos habita!
«Conversão» continua a ser o desafio permanente, a atitude primeira a experienciar em cada dia que nos resta nesta Quaresma de 2011.
Para que também nós, Igreja de Cristo, não concluamos que a Palavra e o projecto de Jesus é insuportável, insustentável, utópico, irreal, e nos bastemos por um aumento de gestos religiosos, umas comunhões mais frequentes, umas caminhadas ditas sacras mas sem nada de sagrado, de divino, de santificador!
A Páscoa de Cristo - que não existe sem o Mistério da Sua Paixão e Morte - não pode ser para nós uma simples e inconsequente recordação do passado; ao contrário, ela implica esforço de actualização desse imenso mistério de entrega e de amor; ela supõe vontade e determinação de fidelidade; ela exige presença e verdade dos nossos corações e das nossas vidas ditas cristãs!
Fugir de «Jerusalém», ou seja, furtar-se à conversão do coração, à transfiguração da vida, será sempre uma traição; corroborará sempre o «beijo» de Judas...
Tudo, mas tudo, pode ser diferente! Bastará ousarmos a diferença, bastará seguirmos o Mestre, mesmo que os «ímpios» - como afirma a primeira leitura do dia de hoje - nos armem ciladas e nos presenteiem com obstáculos!
Aquilo que nos há-de importar, aquilo que havemos de valorizar, aquilo que tem de ocupar, é somente a comunhão a Cristo e à Igreja, ao Evangelho, ao Reino dos Céus...
É desse testemunho que carece o mundo; é esse exemplo de apostolado fiel e generoso que havemos de partilhar com todos quantos se cruzam connosco no nosso quotidiano.

6 comentários:

  1. Senhor Jesus
    Eu quero subir a Jerusalém,carregar a Cruz,não para me esmagar pela Cruz ,mas para abraça-la com amor e coragem.
    Eu quero perder-me confiadamente em vós Senhor, com toda a minha vida. eu não sou nada sem vós em meu coração.
    Jesus Cristo é tudo é amor ,é vida.
    SÓ ELE IMPORTA

    ResponderEliminar
  2. Porquê que nós,muitas vezes caímos nos mesmos erros que os nossos antepassados? ,nossos olhos fecham-se, nossos ouvidos ficam surdos,nossos corações ocupam-se de banalidades que nada tem a ver com Jesus Cristo.
    Porque caminhamos no mesmo erro? se agora nós nos consideramos inteligentes e já temos o passado como referência.
    O ser humano é muito distraído e pensa que é auto suficiente, mas somos tão fracos, e nas nossas vidas, nos encontramos a dormir ,não TE ouvimos ,não Te amamos,não Te seguimos e Tu Senhor continuas a nos amar ,a nos chamar até TI apesar de todas as nossas fragilidades.
    Eu quero " subir a Jerusalém"para abraçar a Cruz com amor e coragem para a carregar.
    Padre António bem haja e a continuação de uma Santa Quaresma

    ResponderEliminar
  3. "Perdoa-me Senhor
    por fechar a minha mão (o meu coração) sem a estender.
    Por não lembrar que devo dar sem receber.
    Em vez de sim Te digo não,
    Por isso peço o Teu perdão,
    Senhor."

    ResponderEliminar
  4. "Subamos a Jerusalém "
    Mesmo que os obstáculos sejam muitos ,que o mundo não nos compreenda, eu vou subir,com muito amor e confiança.
    Quando o coração pulsa, não há nada que o trave

    ResponderEliminar
  5. Na verdade parece que o sono da fé se contagiou a cada um de nós. Já nada nos faz mover, mudar! O mundo não consegue entender que somos cristãos tal a ausência do nosso testemunho de fé. Por mais que sejamos desafiados, nada nos consegue acordar! Que pobreza de Igreja, de fé, de paixão!

    ResponderEliminar
  6. Só há uma coisa lutar ,para que a nossa vida dê testemunho do nosso amor a Cristo ,pode demorar mas a diferença é notável e acabam por ir verificar, o porquê da diferença,tudo tem de vir do coração.
    Se alguém sofre com isso ,sou eu,mas daí a desistir ,nunca.
    Olhos na Cruz, para que a nossa cegueira verifique ,quem mais sofreu,nós ? não mesmo.

    ResponderEliminar

Web Analytics