segunda-feira, 4 de abril de 2011

"Saber, sentir, acreditar... que podemos mesmo ser de Deus"

(...) não se é sacerdote só a meio tempo; mas sempre, com toda a alma, com todo o nosso coração. Este ser com Cristo e ser embaixador de Cristo, este ser para os outros, é uma missão que permeia a nossa pessoa e deve permear sempre mais a totalidade do nosso ser".
(...)  «Servir», deve ser também para nós determinante: somos servos. E servir significa não fazer o que me proponho, o que seria para mim mais agradável; servir significa deixar-me impor o peso do Senhor, o jugo do Senhor; servir quer dizer não me comportar segundo as minhas preferências, as minhas prioridades, mas deixar-me realmente «assumir ao serviço» pelo outro. Isto significa que também muitas vezes nós devemos fazer coisas que imediatamente não parecem espirituais e que não correspondem sempre às nossas escolhas. Todos nós, do Papa até ao último vice-pároco, devemos fazer trabalhos de administração, trabalhos temporais; contudo fazemo-lo como serviço, como parte de quanto o Senhor nos impõe na Igreja e fazemos o que a Igreja nos diz e o que espera de nós. É importante este aspecto concreto do serviço, que não somos nós que escolhemos o que fazer, mas somos servos de Cristo na Igreja e trabalhamos como a Igreja nos diz, onde a Igreja nos chama, e procuramos ser precisamente assim: servos que não fazem a própria vontade, mas a vontade do Senhor. Na Igreja somos realmente embaixadores de Cristo e servos do Evangelho".
(...)  Não pedimos louvores, não queremos «pôr-nos em evidência», não é para nós critério decisivo pensar no que dirão de nós nos jornais ou alhures, mas o que diz Deus. É esta a verdadeira humildade: não nos exibirmos diante dos outros homens, mas estar sob o olhar de Deus e trabalhar com humildade para Deus e assim servir realmente também a humanidade e os homens".

Estas palavras foram pronunciadas há dias pelo Santo Padre aos Padres da sua Diocese de Roma em pleno Tempo da Quaresma; palavras, exortação, chamamento, a que também eles vivessem intensa e verdadeiramente este «tempo favorável»!
Palavras dirigidas aos Pastores de Roma e, por eles, a todos os Pastores do mundo; por eles, também a mim, Pastor de uma Comunidade que caminha para a Páscoa; exortação para que eu mesmo me torne evangelizado para que possa, com eficácia e credibilidade, evangelizar quantos me foram confiados!
Palavras «fortes», para nós, Sacerdotes, mergulhados num tempo e num mundo, numa Igreja até, que com demasiada frequência se esquece de Deus, do Essencial, do que - ou melhor - de Quem vale verdadeiramente mais, d'Aquele que nos faz «correr», «mover», «existir»: Deus revelado em Jesus Cristo!
Saber, sentir, acreditar, que sou chamado ao serviço, à humildade, que não busca a sua vontade, que não procura os seus interesses, que nao anseia realmente nada a não ser «fazer a Sua vontade».
Saber, sentir, acreditar e, sobretudo, viver, uma verdade de fé que se transforma em doação, em entrega, em dedicação, em cansaço, em suor, em «derota», em cruz, em fidelidade, mais a Deus que aos homens!
Saber, sentir, acreditar e, sobretudo, viver, num amor exclusivo ao Crucificado que permanece vivo em todos os crucuficados deste tempo, desta terra, desta Comunidade; um amor exclusivo a um gastar-se e desgastar-se sem esperar outra recompensa senao saber que faço a sua vontade Santa!
É um permanente combate este; uma luta atroz entre esta vontade de ser todo de Deus sem deixar que nada nem ninguém me prenda; um desafio permanente, nunca acabado, o de não sucumbir a pressões, a influências, a modas, a «custos» ou a «prémios» que não raras vezes nos oferecem para que se faça a mundana vontade humana em detrimento da vontade d'O Crucificado por amor!
Quantas vezes as dúvidas nos assolam?! Quantos os momentos em que quase nos convencemos de que a nossa vida e ministério é uma «luta desigual» entre os interesses mesquinhos, sombrios, "vergonhosos" até, dos homens e o esforço para permanecer fiel à Graça que um dia foi derramada sobre nós?!
«Sobram» essas eloquentes palavras do Papa para cada um de nós, Sacerdotes, «misturados» entre a cizânia e o trigo próprios de quem caminha...
«Resta» a certeza de que o nosso olhar fixo no olhar d'Aquele que trespassaram será sempre a nossa força, mais, a nossa vitória.
Permanece a urgência da oração do Povo de Deus que servimos, para que sejamos realmente santos, para que consigamos conduzir cada coração para o Coração de Deus e nunca, mas nunca mesmo, fixá-los no nosso próprio coração humano. Rezar muito para que não nos «vendamos» ao facilitismo, aos aplausos do mundo, às influências dos fortes, às vontades dos fazedores de verdades, modas e imagens!

7 comentários:

  1. Padre António
    Sentimento profundo,onde o caminho ,os olhos estão voltados para a Cruz , para quem e para onde, deve estar realmente o nosso olhar ,a nossa vida e por vezes «ritualizamos» esse gesto,onde só poder haver amor real e profundo.
    JESUS CRISTO ,só o TEU amor a Tua entrega ,terá de ser a nosso limite.
    Bem haja

    ResponderEliminar
  2. João Paulo Santos e Ana Santos5 de abril de 2011 às 09:08

    Com que verdade e humildade se pressente as suas palavras; são desafio sentido a si mesmo, são apelo que sentimos faz a si próprio para nos poder desafiar a nós rumo ao verdadeiro rosto de Deus. Que belo perceber um sacerdote que sente e sabe que pode e precisa ir mais longe; um sacerdote sempre inquieto, sempre desassossegado por amor a Deus e a nós seus filhos. Nunca lhe agaradeceremos essa entrega suficientemente. Uma entrega e dedicação à nossa paróquia que até na doença e cansaço tão nítidos não o impedem de servir. Saiba e creia que muitos de nós o admiramos pela sua força e dedicação. E que muitos, diariamente rezamos por si.

    ResponderEliminar
  3. Intensidade profunda ,um sentimento muito forte a Cristo que existe em Seu coração e que nos transmite com verdade ,com amor .
    E em algo muitas vezes tenho meditado e que me encheu o coração e me fez ver muitas coisas de outro modo ,quando um dia disse :que o Padre António é um discípulo de Cristo e a Cristo é que nós, temos que seguir amar... com toda a alma...
    Sentimento de muito amor,entrega de dar a Sua vida por Cristo e por nós ,com intuito de nos levar ao caminho de Deus com humildade,sem desistir de nós,sempre com a mesma força e amor.
    Um abraço

    ResponderEliminar
  4. Ao olhar toda a serenidade e humildade do nosso querido e saudoso João Paulo II entramos numa Paz e interiorização muito grande .
    Padre António, também todo o partilhar, é de uma nobreza de uma humildade ,de uma total entrega de vida , alma e coração a Jesus Cristo,à Sua Igreja e a todos nós, uma preocupação de nos levar até Jesus, de não perder uma só »ovelha »e quando isso acontece, Seus olhos demonstram tristeza e preocupação.
    Com minha vida Obrigado por tudo,por estar connosco,por nos amar ,lutar por nós ,terá sempre,sempre, a minha oração.

    ResponderEliminar
  5. Em oração, subo consigo, Pe. António...

    ResponderEliminar
  6. A minha oração também ,agora e sempre,Pe. António.

    ResponderEliminar
  7. Tanto sentir,humildade ,sinceridade de um coração humano, com fragilidades como todos nós.
    Pode acreditar, que ao transmitir-nos a Palavra de Deus o faz com tanta entrega e profundeza, que já não é o Padre António que está a falar, é Deus pela Sua boca,é directo ,mas com amor,deixando-nos a meditar e com a preocupação de mudarmos e uma vontade interior de nos aproximar-mos cada vez mais de Deus.
    bem haja.

    ResponderEliminar

Web Analytics