segunda-feira, 15 de abril de 2013


"Oposição silenciosa"

Mesmo que devagar, vão submergindo as vozes daqueles que se sentem e mostram descontentes, apreensivos e alarmados com o “deficit” litúrgico e com os “cortes” desnecessários dos gestos tradicionais, do Papa Francisco.
Vozes que, afinal, apenas sublinham e revelam a sua aposta na ditadura do rubricismo e no fundamentalismo litúrgico, mais que na “profecia” que os gestos do Papa vindo “de quase do fim do mundo” denotam e oferecem à Humanidade!
Parece pecado mortal, nestas consciências presas ao acessório mais que ao essencial, o facto do Papa não ter celebrado a Missa de Quinta-Feira Santa na Catedral de Latrão; pecado mortal o Papa ter lavado os pés a mulheres – quando as normas litúrgicas prescrevem que se deve fazê-lo apenas a homens – e, espante-se, ousou lavar os pés a uma muçulmana! Como se esta fosse menos mulher, menos humana, que qualquer outra, ou outro!
Vozes que intentam obrigar o Papa Francisco a escolher outra “literatura” para meditação mais que o Evangelho, como seja o Código de Direito Canónico e o Ritual dos Bispos e demais “calhamaços” de regras litúrgicas!
São vozes, que denunciam sintomas, revelam tendências e forças daquilo a que alguns já apelidaram de “oposição silenciosa”, quando se opõem aos gestos e opções do Santo Padre, esquecendo e não querendo ver a beleza e o alcance desses mesmos gestos, “intra” e “extra” Igreja!
O Mandamento Novo de Jesus parece ter menos valor que as normas, as regras, as tradições!
O Papa parece “valer” apenas quando nos “dá jeito”, quando afirma aquilo que queremos ouvir, quando sublinha as nossas “verdades” pessoais... Quando o não faz, já não é “Papa”, já não é “Cabeça da Igreja”, já não é o verdadeiro “Sucessor de Pedro”!
Aqueles a quem o Papa Francisco lavou os pés na passada Quinta-Feira Santa serão menos dignos que quaisquer outras pessoas, apenas porque estavam num estabelecimento prisional e não na Basílica de S. João de Latrão?!
Tenho a certeza que não; mais: creio firmemente que esses jovens precisam tanto ou mais desses gestos que revelam uma clarividência do que é o Evangelho, do que significa Mandamento Novo, do que se entende por Cristianismo. São pessoas, que têm fome de carinho, de ternura, de vez, de voz, de oportunidade, como todos aqueles que poderiam estar na catedral de Roma.
Tentar “travar” gestos, magistério, posturas, do Papa Francisco, isso sim é “heresia”, “cisma”, “devaneio” espiritual.
Deixemos o Papa ser Papa, ou seja, Pastor da Igreja universal, que usa os gestos, as palavras, que lhe saem do coração. Valerão mais, imensamente mais, que as rúbricas litúrgicas, cada vez mais incompreensíveis e distantes do coração dos homens.
Não tenhamos medo da “novidade” que o Espírito nos quer oferecer; não fechemos o coração à beleza do  magistério desse homem vestido de branco proveniente de “quase do fim do mundo” que, pelos vistos, tanto tem a ensinar e a recordar a este “centralismo romano” que nos agrilhoa mais do que pensamos e nos damos conta...

7 comentários:

  1. "Oposição silenciosa"
    Já o tinha dito aqui...passa a euforia vem a realidade...e tudo o que desinstala,incomoda,a "Primavera" vem para todos,mas nem todos são para a "Primavera".
    Só desejo, assim como o Espírito Santo escolheu o Papa Francisco assim ilumine os Seus caminhos para nos conduzir a todos,aqueles que veem e os que não veem na Luz do Senhor.
    À muito tempo que estávamos a precisar de uma mudança radical,onde se sentisse Jesus Cristo de verdade e a SUA Igreja,estávamos a viver de rituais, e a olhar o mundo de cima cá para baixo,faz falta nos pormos todos ao mesmo nível.
    Que Deus O guarde e Abençoe.

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  2. Muito bem!
    Subscrevo o que o Pe. António escreveu.

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  3. Graças a Deus, só tenho estado com pessoas completamente encantadas com o Papa Francisco e pela forma como nos conduz ao essencial que é a nossa glória em Jesus crucificado.
    Sinto que muitas vezes a Igreja, em vez de transmitir a Palavra de Jesus, arranja artifícios para ser mais "atractiva" (como se fosse possível...) e tem medo de maçar ou chocar as pessoas. O Papa Francisco leva-nos pela mão à Misericórdia de Deus com Jesus crucificado e à vitória da Ressurreição com a Sua Palavra. Rezemos todos os dias por ele, para que o Senhor o guarde e proteja.
    Como o Pe António sempre nos disse, Jesus não é para lamechices: é radical, é brutal... é Amor! Obrigada sempre e muitas saudades e beijinhos

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  4. Pois é Querido Padre António,

    "Enfiei um pouco a carapuça" ao ler este seu texto. Obrigado por o ter escrito e por me ajudar a ver mais longe. Sou fã da beleza, da tradição e do rigôr da liturgia, mas após ler este seu testemunho, prometo que vou tentar dar importância ao que realmente é importante, e não ao acessório.

    Enorme abraço

    O seu "Jovem"

    ZT

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  5. Quando são os próprios católicos, os que se dizem praticantes, a escandalizarem-se com as atitudes do Papa, que pensarão os que se dizxem "fora"?! Choca e assusta que católicos se insurjam contra o Papa apenas porque ele pretende uma Igreja mais simples e mais pobre; escandaliza quando vemos católicos de paróquias a difamar o Papa, os Padres, quando eles não lhes fazem as vontades nem dizem o que os ~seus corações e ouvidos gostariam de ouvir! Que este texto do senhor Padre ajude a pensar aqueles que se dizem ser suas ovelhas e as consiga travar nesse gosto tão pessoal que possuem de criticar sem mais e avançam na vida sem nada fazer de belo, de concreto, de cristão! Desculpe mas é assim que vejo muitas pessoas do seu rebanho. Que Deus o ajude a enfrentar aqueles que o apontam pela sua ousadia e diferença.

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  6. As vozes que criticam as atitudes do Papa Francisco, da Igreja e dos Padres verdadeiramente comprometidos com a mensagem de JESUS, como o Pe. António, deveriam repensar a sua pertença à Igreja Universal. Jesus não tinha medo de ser irreverente. Ele olhava nos olhos dos fracassados e lhes restituía a coragem perdida. Segurava nas mãos dos cansados e os convencia que ainda lhes restavam forças para continuar. Jesus não queria uma religião que parasse na exterioridade, que dispensasse facilmente as pessoas só porque têm uma aparência que num primeiro momento não nos agrada!

    Obrigada Pe. António pelo muito que nos dá!

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  7. O medo das novidades traz sempre desagrado e oposição seja silenciosa seja até feita de má fé. No Vaticano ou nas paroquias. É triste que pessoas se digam cristãs mas sejam piores que os pagãos. E o preço que isso traz para a Igreja é muito alto. Rezo pelo Papa e pelos sacerdotes que enfrentam as perseguições silenciosas de hoje. Por quantos são perseguidos por quererem ser mesmo de Deus.

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