domingo, 11 de março de 2012

"Ainda temos tempo..."

A voragem do tempo ajuda à distracção e à banalidade do essencial!
As pressas em que nos deixamos "embrulhar", as "coisas urgentes", os "problemas inadiáveis" a exigirem respostas urgentes, os "stresses" que nos asfixiam - mesmo os das coisas de Deus - conseguem demasiadas vezes a relativização daquilo que vale mais: Jesus!
A Quaresma - também a Quaresma - é oportunidade de repensar e recentrar as nossas prioridades. É tempo propício para a interrogação da fé, da nossa adesão a Cristo e ao Evangelho, da nossa paixão pela Igreja e pelos homens nossos irmãos.
Sem nos darmos conta - ou quase - estamos já sensivelmente a meio desta caminhada que poderá desaguar na Páscoa. Andamos tanto, corremos ainda mais, que talvez nem nos apercebamos desse apelo próprio que este Tempo litúrgico nos faz! Estar mais com Jesus, aprender a permanecer n'Ele, a viver d'Ele, a existir para Ele!
O tempo que velozmente nos invade e comanda vai tendo a capacidade e a arte de nos confundir e até convencer de que Jesus, a fé, a Igreja, o amor e o serviço, podem esperar... Em nome das nossas responsabilidades profissionais, sociais, familiares, etc., facilmente vamos, repito, relativizando o essencial: Jesus e a nossa relação com Ele!
Creio que devemos apostar num esforço de conversão das nossas prioridades. Que deveríamos equacionar mais e melhor os caminhos trilhados até aqui e aqueles outros que podemos ainda percorrer...
Sinto a necessidade, a urgência da oração, pessoal e comunitária. Pressinto que, como Igreja, como Comunidade, a ousadia da intimidade com Deus é algo de decisivo nesta "hora" do caminho...
Na verdade, quando a vida se centra e alicerça em Jesus, todas as realidades que a compõem ganham novo impulso, ímpeto e significado. O trabalho, os amigos, a família, os estudos, as relações inter-pessoais, tudo se reforça e enriquece quando embebidos na Graça de Deus, quando centrados na Pessoa e na Palavra de Cristo.
A pressa e as pressas contemporâneas não poderão ser ou ter mais força que a nossa vontade de aprofundar a nossa relação com o Senhor! Estamos ainda a tempo de vencer a força do tempo. E de nos decidirmos a uma Quaresma com as marcas da oração e da interioridade, da generosidade e da partilha, da verdade e da esperança, da paz e da profundidade libertadora da fé.
Ainda estamos a tempo de abraçar a "loucura" de Deus que é mais forte que a sabedoria humana. Ainda podemos escolher a "fraqueza" de Deus que vence todas as forças humanas...
Sim, podemos ainda saborear a beleza do caminho que conduz à Páscoa. Basta ousar privilegiar o tempo que damos ao Senhor do tempo...

10 comentários:

  1. "Ainda temos tempo"
    Eu quero de todo o meu coração »abraçar a «loucura» de Deus,sei que o meu coração vai sentir muito o peso da saudade,mas eu quero viver para Cristo com todo o coração e a Ele me entregar, porque foi assim que o Padre António me fez conhecer Deus.
    Bem haja

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  2. "Na verdade, quando a vida se centra e alicerça em Jesus tudo se reforça" e nos faz sentir mais felizes em tudo, e com todos foi uma frase que me tocou e que sinto que é verdade.
    E o que nos dá o mundo?nada,ilusão...o mundo foi Deus quem o criou, mas é o homem que o vai destruindo,com tanta idolatria ao dinheiro e ao que dele advém,esquecendo que tudo acaba ,e tudo fica... nós partimos para o Pai...sem nada, ou então com o coração «encharcado» de Amor em Jesus,e felizes,nascemos sem nada,para que queremos tanto? e mais tanto.

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  3. "Ó Deus,Tu és o meu
    Deus forte;eu te busco ansiosamente;minha alma tem sede de Ti...
    Como terra seca,exausta,sem água!
    Assim; eu Te contemplo no Santuário,para ver a Tua força e Glória
    Porque a Tua Graça é melhor que a vida,os meus lábios te louvam.
    Salmo 63:1,2,3

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  4. Querido Pastor
    Ao ler esta sua meditação lembrei-me de algo que escrevi,em 2009, para o meu Grupo que acho que tem tudo a ver com este tempo de procura de Jesus:
    "40 dias no Deserto"
    A primeira frase que me lembro é de Isaías "preparai no deserto os caminhos do Senhor"(Is40,30).
    Esta mesma frase também nos surge na boca de João Baptista (Lucas3,22) e, por acaso ou talvez não, também foi pelo deserto que Moisés conduziu o Povo Eleito para a Terra Prometida.
    Foi ainda no desrto que Moisés recebeu a Lei, curioso como o deserto surge constantemente no nosso caminho.
    Mas voltemos a Jesus, o deserto surge no seu caminho não como um impeto pessoal, mas com uma condução do Espirito Santo: é pelo despojamento, pela negação das tentações que encontramos a Deus.
    "larga tudo e seguema" como Jesus pede ao jovem rico que o quer seguir.
    È esta atitude de despojamento, de fortaleza e por fim de vitória (sobre o Diabo), que leva Jesus a cumprir a vontade do Pai e a antecipar a vitória final que viverá na Paixão e marcará então a definitiva vitória sobre o Mal e a Morte. Transformamdo a Cruz em Árvore da Vida, como um segundo Adão que desta vez soube cuidar do seu Paraíso.
    Esta estadia no deserto que nós lembramos na Quaresma (de forma mitigada aliás) é também o que procuramos quando nos isolamos no Sacrário fazendo "deserto" à nossa volta para melhor comunicarmos com o Pai, ou quando nos retiramos do Muyndo e nos refugiamos num retiro (por exemplo num Cursilho9 para nos podermos encontrar com Ele.
    Do mesmo modo o fizeran os Eremitas ou mesmo as primeiras Ordens Religiosas, isolando-se em locais ermos, procurando fazer desrto à sua volta, para estarem mais perto de Deus.
    Estes tópicos não são mais que pistas de reflexão.
    Tal como se quiserem ir mais além, vos proponho esa pequena citação que tem tudo a ver com isto:"Existe entre os mortais e o Eterno um meio físico mediador: o deserto, quadro tradicional das teofanias. Abraão, Moisés, Jesus ou mesmo Maomé, pelo êxodo, a Tentação ou a Fuga, todos os nossos profetas foram "peregrinos das areias". O árido curanos dos ídolos. O verdadeiro Deus opõe-se aos falsos como o desolado ao sobrepovoado, o mineral à vegetação"

    Façamos então deserto, radicalmente, de nós próprios e das nossas amarras a este Mundo para no fim desta Quaresma podermos, com Jesus celebrar a Vitória da Cruz.

    Um gande abraço, com muias saudades.
    ZePedro

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  5. "Estar mais com Jesus" foi a frase mais curta e importante para mim, nos 366 dias do ano, estejamos no deserto ou no oásis. Helena

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  6. Livra-me Senhor da pressa dos dias .... Ajuda-me a dar tempo para ti e para o outro!
    Amar é essencial! É preciso tempo para Amar para descobrir o que está à nossa volta....

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  7. “A descoberta de Deus, nunca é por acaso, é sempre uma procura. Vai caminhando por um longo campo, e lá no fundo está uma pedra preciosa. Muita gente foi lá e cavou no chão e encontrou. A religião é isso. É uma procura do que existe mas nem sempre está ao nosso alcance.”
    Este pensamento foi tirado de uma palestra que eu ouvi. A nossa vida é uma caminhada. A nossa fé faz-se caminhando. O nosso amor por Deus vai crescendo, mas tem de crescer de uma forma bonita e ponderada. Esta Quaresma tem sido um tempo de preparação atribulada, triste e com alguns altos e baixos. Mas engraçado: a minha fé nunca vacila, está sempre ´de pé´, sempre presente, com Cristo sempre no meu coração, e isto é muito bom, é saudável e ajuda a que os dias sejam menos cinzentos.
    A minha pedrinha continua cá, ( e há uma luzinha que me vai guiar para sempre com uma bênção dos Céus) para me lembrar que a caminhada continua e não vai acabar no dia 8. A minha, a nossa caminhada é uma caminhada contínua, para que a nossa fé, a nossa ´cumplicidade´ com Cristo seja eterna, para que a nossa ´cumplicidade´ com os outros, não se chame ´Quaresma´ e depois punhamos um ponto final e pensemos no bom que vai ser programar as nossas férias.
    “A Quaresma - também a Quaresma - é oportunidade de repensar e recentrar as nossas prioridades. É tempo propício para a interrogação da fé, da nossa adesão a Cristo e ao Evangelho, da nossa paixão pela Igreja e pelos homens nossos irmãos.” (como diz o pensamento do Pe. António). Que seja tudo isto e muito mais.
    Há tão pouca coisa que nos ajuda a ´subir´ nesta caminhada, mas, se quisermos, há muita coisa que nos ajuda a crescer. Os pensamentos que encontramos neste ´blog´, são uma prova de que há um prior que se importa com todos, com os outros, com o ´cheio´ e com o ´vazio´, e é através destes pensamentos que nós vamos reflectindo na nossa vida, no Evangelho, nas palavras dos profetas, nas palavras de Jesus.
    Os pensamentos do Padre António, tornaram-se um ´vício´, que buscamos para ´alimentar´ cada dia mais o nosso coração, para que ele se torne mais dócil, mais doce e no dia 8 de Abril esteja cheio de ´amêndoas de chocolate´.
    Possamos dizer: “Senhor, como foi bom estar aqui...Senhor, como é bom estar aqui...”

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  8. Concordo plenamente com os últimos parágafos...este blog...o Pe .António é crucial neste "subir",nesta caminhada,neste encontro do "caminho de Deus",a Cruz é bem mais leve...porque não estamos sós.

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    Respostas
    1. A Cruz é mesmo mais leve quando não estamos sós.
      Obrigado Pe António.

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