quinta-feira, 5 de maio de 2011

"Cidade Eterna"

Esta é a ùltima noite na Cidade Eterna; de olhos postos na Basilica de S. Pedro, na janela iluminada do Santo Padre, na imensa foto de João Paulo II ainda exposta na colonata, cruzando-me com as gentes que a cada hora aqui se encontram, rezo o Terço pedindo pela unidade da Igreja, a Jornada Mundial da Juventude, a nossa Paróquia do Estoril, a paz nos nossos corações...
De noite a espiritualidade na Praça de S. Pedro tem um outro "colorido", um outro "sentido", uma outra "serenidade"...
Cada vinda a Roma é sempre a "primeira"; tudo é novo, tudo se quer ver e rever, sentir e tornar a sentir. Pelo coração passam acontecimentos, experiências, pessoas, vidas, histórias, almas...
Pelo pensamento vagueiam ideias, desejos, sonhos, cumplicidades, saudades...
E custa sempre regressar!
Porque, de novo, temos que enfrentar combates e desafios, porque outra vez a tentação da rotina, do stress, da habituação, dos embates que jamais conduzirão a lugar algum! Porque, de novo, havemos de nos revestir da roupagem da cultura e da realidade que nos envolve, das batalhas que travaremos pela primeira vez ou repetidamente...

Em Roma, sabemo-nos perto do "centro", do "eixo", da "unidade" vital da Igreja que sonhamos e pela qual deveriamos dar a vida: a da comunhão, a da simplicidade, a da generosidade, a da entrega, a da disponibilidade, a da verdade...
Uma unidade e comunhão que fogem descaradamente da vida da nossa Igreja local, daquela em que somos os primeiros e principais responsáveis e protagonistas! Uma unidade e comunhão que parece ser algo de acesssório ou banal no nosso peregrinar!
Mas em Roma reconquista-se a coragem e a vontade de se ser sempre mais de Deus e da Sua Igreja.
Em Roma percebemos melhor o quanto, por vezes, nos gastamos e desgastamos em banalidades, em superficialidades, em mediocridades mesmo!

Aqui, na Praça de S. Pedro, de Terço na mão, pedi sobretudo ao Céu que me concedesse o dom desta vontade firme de servir e amar a Igreja como Pedro e Paulo, isto é, sem regatear tempo, vontades, ideias, ideais, que não os do Evangelho; aqui rezei por aqueles que "são meus", pelos quais tenho a tarefa e a missão de apontar o caminho do Céu na experiência da fidelidade à radicalidade do Evangelho.
Aqui, idosos, doentes, adultos, crianças, jovens, entreguei a Deus como se da primeira vez se tratasse; um Céu mais enriquecido com a bem-aventurança daquele homem vestido de branco que percorreu quase o mundo inteiro chamado João Paulo II.
Daqui parto daqui a pouco ao encontro dos homens e mulheres meus irmãos. Com uma missão, um destino, uma tarefa, um objectivo: dar a minha vida. E aqui, na noite da Praça de S. Pedro, altero o refrão do Salmo e canto baixinho: "eu vou, Senhor, para fazer a Vossa vontade"...

7 comentários:

  1. "Cidade eterna "
    Cidade onde os corações se despem de tudo para se encherem do amor de Cristo.
    Pe. António é com grande emoção que leio todo este partilhar , descrito com tanta fé e entrega, que é como se eu própria o estivesse viver e sei que a SUA vida pertence inteiramente a Cristo e também que a frase da SUA vida será sempre essa "eu vou,para fazer a Vossa Vontade".
    Padre António, bem haja, boa noite e uma boa viagem,nós o aguardamos com saudades.

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  2. Prior, poucos minutos depois de publicar esta sua meditação estou eu a ler, a beber esta e as outras últimas meditações.
    Diz que pediu para lhe ser concedido o dom da vontade firme de amar e servir a Igreja ... sem regatear tempo ... ... . Prior, percebo bem o que pede, mas sempre lhe conheci este dom imenso, e já lá vão alguns anos em que o Senhor me concedeu a graça de o ter tido como Prior e de consigo servir Cristo e a Sua Igreja.
    A sua entrega dando a sua vida sem limites pelo Evangelho, para fazer a Vontade do Pai tem-lhe trazido muitas Alegrias, mas também muito sofrimento. Sofrimento que converte em Amor.
    Também eu quero, mais uma vez, dar Graças a Deus pela pessoa que é, pelo sacerdote que é. Tal como o Beato João Paulo II o seu ministério sacerdotal tem sido marcado pela Oração,pelo sofrimento, pela entrega generosa aos jovens e pelos mais pobres e infelizes. No fundo, por ser todo de Deus procurando que os outros também o sejam.Neste momento, tal como o fazemos todos os dias,na nossa oração conjugal, quero pedir ao Senhor que o proteja e o abençõe.

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  3. Como eu desejava estar nessa "Cidade eterna" limpar tudo o que me vai na alma e estar bem pertinho daquele coração, que fazia sempre o nosso coração palpitar quando o víamos ,ou mesmo quando ouvíamos, a SUA voz inconfundível,o mundo parava para o ver ,ouvir.
    Olhar sereno ,muita Paz interior ,uma certeza de estar a caminhar no caminho de Cristo, fazendo até ao fim, tudo para a nossa união.
    Padre António ,como diz e todos nós o vemos, SEU coração foi arrebatado e está protegido pelo nosso Beato João Paulo II,por isso, em
    frente, com os olhos na Cruz e muito amor .
    Bem haja

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  4. Padre António, que Deus lhe conceda sempre a Graça de manter essa Fé arrebatadora e esse Amor por Cristo que não conhece limites! Que Deus nos conceda por muitos Anos a Graça de ter connosco alguém que sempre se lembra de Nós, que sempre reza por Nós e que não se cansa de nos ensinar a viver cada dia melhor a nossa Fé.

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  5. "Ninguém tem mais amor do que quem dá a vida pelos seus amigos."
    Só consigo agradecer... mas não chega, é pouco, é nada...
    Mas há sempre esse refrão que posso cantar, que posso viver; tal como o fez Maria, um dia...

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  6. Senhor Jesus, eu quero sentir sempre este ardor e se possível aumentar,sempre mais,porque só Vós sois a minha vida.
    Tudo o resto me deste para eu amar e cuidar,que eu o faço com tudo o coração.

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