"Que queres que Eu te faça?"
Após uns dias de "silêncio" partilho de novo algum sentir e viver da alma que me habita...
Os dias são tremendamente longos, marcados com a tensão e paz que a própria vida envolve; os caminhos a percorrer mostram-se não raras vezes tortuosos e íngremes, difíceis e, simultaneamente, esperançosos.
O tempo, interior e exterior, nem sempre se identificam, entrecruzam-se com sonhos e vontades distintas e ausentes, com apelos e desafios ousados e monótonos, com determinações convictas e epidérmicas.
Mas Deus teima sempre em fazer-nos erguer o olhar.
Deus apela a cada instante a uma aventura de confiança e de entrega, de paixão desmedida e incondicional.
Deus provoca, segundo após segundo, a uma dedicação irrenunciável, a uma obediência imaculada, a um serviço abnegado.
E quando se ergue o olhar da alma e do coração, sempre que ousamos erguer a cabeça, não podemos deixar de nos deparar com uma Cruz e nela O Crucificado de braços abertos e de Coração trespassado. Aí, percebemos essa eterna "fonte" de amor e de paz, esse "manancial" de vida verdadeira e de eternidade que se experiencia já e agora.
As tempestades ofertadas pelo mundo conseguem sempre fazer balançar - mesmo assustar - a barca em que entrámos; os ventos às vezes tão fortes e imprevisíveis empurram para rotas e destinos jamais imaginados; por outro lado, a falta dele - desse vento e desse sopro - ajudam e conseguem uma sonolência que perturba, que amolece, que distrai e não desassossega!
São as margens da banalidade e as âncoras "seguras" da rotina, são os portos do comodismo e as malhas da mesquinhez que desejam, tão simplesmente, convencer-nos que nos tornamos pescadores de homens não saindo da pacatez e da ligeireza da nossa própria humanidade!
Mas a barca é de Deus; os mares pertencem-Lhe, a outra margem espera por nós e nela O Senhor da Vida.
Importa o caminho e a decisão de o abraçar.
Importa a audácia da fidelidade e o mergulhar em águas mais ou menos conhecidas.
Importa o perder medos e aflições diante de "ondas" e "vagas" nem sempre provenientes do "mar" do Evangelho nem da "Água viva que jorra para a eternidade" que se abatem sobre nós!
A certeza da fé impele a ir sempre mais além, mais longe, mais alto!
Ainda que seja decisivo multiplicar os esforços, mesmo que nos pareça humanamente inviável, os "velhos do Restelo" terão sempre os dias contados e a certeza do fracasso das suas falácias e dos seus "gritos" desencorajadores.
Hoje - como "ontem" ao cego de Jericó - Jesus pergunta-nos: "Que queres que Eu te faça?".
E nós apenas podemos e devemos responder: "Que eu veja, Senhor"!
Que nós vejamos a Luz de Deus na noite dos homens, o esplendor do Céu nas escuridões da humanidade, o brilho da eternidade nos cinzentos do efémero e do acidental que tantos abraçam como definitivo!
Que nós vejamos a imensidão da vida e da verdade quando alguns intentam apenas a valorização exterior e a cosmética do que se vê.
Que paz quando deixamos que Deus nos segrede: "Que queres que Eu te faça"?
Continuar a cantar:
ResponderEliminar"Luz terna, suave, no meio da noite,
leva-me mais longe"...
"Que queres que Eu te faça"
ResponderEliminarTem que ser sempre essa a interrogação, para Deus,não importa que o mundo não compreenda,porque se o nosso sentir estiver com ELE, todo o mundo vai perceber mais tarde ou mais cedo o amor que abrasa o coração do nosso Pastor.
Nem agora ,nem à pouco tenho muito tempo,mas não quero deixar de dizer, que fiquei muito feliz de ao abrir o blogue, deparar com mais um partilhar do nosso Prior .Tenho que ler interiorizar,absorver e depois o Divino Espírito Santo me encaminhará.
ResponderEliminarBem Haja Padre António.
Esta Meditação fez- me reflectir e perceber que ainda necessito de pedir muitas vezes "Que eu veja, Senhor", "que eu veja claro, que eu veja tudo claro, Senhor"
ResponderEliminarQue a Tua Luz me faça ver " o esplendor do Céu,... o brilho da eternidade"
Bem Haja!
JR
Sr , Prior bom dia.
ResponderEliminarObrigado por mais uma vez estar connosco, numa meditação com grande conteúdo,onde se percebe um paralelismo, entre duas forças existentes nas nossas vidas, mas só uma pode entrar nos nossos corações.
O pensamento,a forma de actuar, tem de ser com um só horizonte, Jesus Cristo Ressuscitado ,só ELE é vida e nos faz viver , e o Padre António é um coração todo de Jesus Cristo,onde os corações, mais desprovidos de amor amolecem,convertem e se enchem de amor,consegue mudar muita coisa.
É um pescador de homens ,que bom ver como tantas crianças e jovens enchem a Igreja, é a Igreja de amanhã, o futuro.
Bem Haja, pelo trabalho e dedicação a tudo
Já senti em mim a pergunta
ResponderEliminar"Que queres que Eu te faça?"
e eu não respondi logo prontamente " que eu veja Senhor"
estava cega, pelo mundo banal,hoje compreendo e digo com toda a fé,amo-te Senhor Jesus,seja feita em mim a TUA vontade,aqui estou.
Que bom, uma Igreja iluminada ,iluminada de Luz e especialmente da LUZ de Cristo,onde se vive o Amor que está em nossos corações.
ResponderEliminarEssa Luz que tem de brilhar e não escurecer quando em contacto com o mundo.
Mundo ingrato... corações dispostos a enfrentar...
vida difícil... Mas JESUS CRISTO anseia por todos nós,com a força,no amor, com o Divino Espírito Santo.
"Que paz quando deixamos que Deus nos segrede",que tome conta de nós.
ResponderEliminarAssim aconteceu pela primeira vez a tantos corações palpitantes,a desabrochar para a vida com Jesus Cristo ,só desejo que nunca se afastem deste caminho ,como o Sr.Prior disse e muito bem, que os adultos, não terminem o que agora começou.
Já tive desse lado e hoje reconheço que não o fiz (fizemos) da melhor maneira,pensamos que o importante é trabalhar ,mas DEUS tem de estar em nossas vidas em pleno para que tudo corra bem.
Bem haja Padre António, por todos estes novos corações que vieram para Deus com tanto amor.