domingo, 11 de julho de 2010

"Pressas..."
    
Pressas, essa categoria tão contemporânea!
Esse desassossego que tão bem sabe anestesiar aquilo que de mais belo e profundo temos!
Essa razão que nos tira as próprias razões do coração!
Foi assim com o sacerdote do templo e do levita, do Evangelho deste Domingo!
As pressas para «rezar», para o culto, para a religiosidade estereotipada, para a espiritualidade transfigurada em espiritualismos obsoletos, rarefeitos e castradores de verdade e de vida, conseguem apenas o desamor da e na existência!
Aqueles homens corriam para um deus que não conheciam, que não existia sequer; buscavam encontrar-se com um deus que não estava nos lugares que eles haviam elegido e escolhido eles próprios!
Afinal, tinham esquecido que o verdadeiro e único Deus habita no coração de cada homem; que Deus Se «esconde» na dor, na marginalidade, no sofrimento e na solidão de cada coração caído à beira dos caminhos da vida!
Aqueles homens – sacerdote e levita – que somos todos e cada um de nós, sempre que decidimos «onde» e «como» Deus deve «ser» e «estar»!
Aqueles homens ditos religiosos, afinal, nada haviam entendido sobre o Coração de Deus, sobre a Sua forma de ser, de Se manifestar, revelar, apresentar…
É verdade que é mais fácil e mais cómodo «escondê-l’O» bem longe, trancá-l’O nas paredes dos templos e igrejas, atirá-l’O bem para cima das nuvens e do horizonte do nosso olhar e do nosso agir! Convencemo-nos mais depressa que somos crentes, religiosos, espirituais, enchendo os lábios e a boca, de palavras pietistas e desprovendo o coração de profunda e verdadeira piedade!
O Evangelho é claro: só vale para Deus essa vontade de O encontrar, O reconhecer, O servir, na história de cada outro!
Desviar o olhar e o coração do homem nosso irmão, apenas porque é diferente, porque não pertence ao nosso «clube» ou ao nosso «clã», porque não cresceu nem se formou segundo os nossos parâmetros exclusivistas, porque não é social, politica ou economicamente da nossa «estirpe», porque... seja que razão evocarmos, será sempre ostracizar a fé verdadeira e a adesão a Deus que liberta, purifica, santifica!
Fique bem gravado em cada um dos nossos corações e das nossas mentes: “Vai e faz o mesmo”!
Que é dizer, amar ao jeito de Jesus, o Bom Samaritano desta humanidade, que não entregou ao estalajadeiro apenas duas moedas mas Se entregou até à última gota de Sangue!
Fazer o mesmo não é mais, mas também não é menos, do que dar a nossa própria vida por amor!

6 comentários:

  1. "Olhando à minha volta, vou pensando
    na vida que, hoje, vou levando.
    Será que me dou sem perguntar?...
    Ou que me julgo melhor?..."

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  2. "Pressas"
    Que palavra tão certa, para os tempos que atravessamos,nós queremos o mundo todo de uma vez,viver, viver e desperdiçar,atropelar sem nos darmos conta do que está ao nosso redor
    Eu quero e tenho o direito a viver é a palavra de ordem,mesmo que seja sacrificando alguém .
    Não existe tempo para pensar se ,se faz mal ou não,que mal vai o mundo e nós.
    É aí tem de actuar a diferença ou se vive com Deus na vida e coração, onde existe atenção, amor para com o próximo, esquecermos-nos de nós e vivermos o dia a dia ,hora m ,s intensamente o que ELE espera de nós, em todas as situações da nossa vida ,em casa na rua emprego etc ,ou então não damos exemplo nenhum, que faça alguém meditar.
    Dá que meditar o Evangelho de hoje,parece fácil mas resume tudo o que Deus espera de nós Amor ,muito Amor,do amor nasce tudo..

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  3. Vivi pobre e sempre no amor, um amor puro de outros tempos onde não existia tanta gente sempre a olhar para si próprio e muito difícil foi abrir os olhos para o mundo .
    Deus foi sempre o meu guia ,a minha companhia, com quem falava e falo,e me dá força para a vida.
    Obrigada Padre António por me ter encontrado .

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  4. Pressas são de verdade grande impdimento à nossa união com Deus e com os outros. Pressas são essa vontade enorme de sermos pessoas que se dizem orantes e, depois, se esquecem de quem precisa e está bem à nossa volta, ao nosso redor! Que milagre precisaremos para aprender a «parar», a «contemplar» e a aceitar Deus nos outros?

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  5. Senhor ensina-me a cumprir a tua vontade,pois só TU és o meu Deus,dá-me sabedoria ,discernimento para saber, ver o que é recto,faça-se em mim a Tua vontade e não a minha.

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  6. Quando nós pensamos vamos à missa,fazemos o que deve ser feito tudo está bem, estivemos com Deus,não é bem assim, devemos ir sim, mas com o coração livre ,cheio de amor,porque no nosso dia a dia, temos sempre Deus connosco, no que fazemos, pensamos,como actuamos para com os outros,todos as pequenas coisas tem que ter uma atitude, a dádiva de nós ,o amor.
    ELE está sempre em nós e por conseguinte no nosso irmão também e ama-nos a todos de igual modo. Servir o irmão é servir a Deus.
    Hoje li uma frase que fiquei a meditar
    «O mal nasce quando passamos a acreditar que é apenas nosso aquilo que pertence a todos»,isso provoca maus sentimentos .
    O que não é obsecado pelas coisas acaba por ser dono de tudo.

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