"Não desço da Cruz"!
Na verdade, a renúncia ao Pontificado, não é um "descer da Cruz" mas, ao contrário, e como então afirmava Bento XVI, é um continuar bem ao lado de Jesus Crucificado.
Não é uma desistência ou um abandono; é antes um forte e poderoso acto de amor para com Deus, a Igreja e os homens.
Quem como eu teve a graça de participar na última audiência geral, no passado dia 27 de Fevereiro, percebeu, obvia e categoricamente, o amor daquele coração naquele homem vestido de branco; por amor à Cruz, por amor à Igreja, por amor ao mundo que urge redenção, decide "apagar-se", "eclipsar-se", para na meditação, na oração, na contemplação, ser o discípulo de hoje que permanece junto do Senhor Crucificado por amor.
É óbvio que quem não vive nem se decide a viver na órbita do amor jamais entenderá a decisão ousada, corajosa, sofrida, do Papa emérito Bento XVI!
Na verdade, quando todos estamos "mergulhados" num tempo onde quem e o que importa, quem e o que vale, é o poder, on"estrelato", as honras, o centralismo pessoalizado, a vã glória de mandar, ser confrontado com um exemplo único de despojamento, de humildade, de serviço incondicional, de entrega sem medida, é realidade que nos provoca, baralha, confunde e inquieta!
"A Igreja não é minha, não é nossa, é do Senhor"!
Palavras que, amiúde, tendemos a esquecer ou a menosprezar, buscando evidencialismos pessoais, acreditando que a obra de Deus depende de nós, convencendo-nos da nossa singular importância e determinação!
Mas esta "Barca" que percorre a História há mais de dois mil anos, não raras vezes balanceada com ventos e marés contrárias ao próprio Evangelho, permanece segura porque nas mãos do "Divino Timoneiro" que é o Senhor Jesus.
Em pleno Tempo de Quaresma, onde somos, de novo, desafiados à conversão, porque não olhar bem de frente esta atitude de Bento XVI para dela fazer "caminho", "aposta", "horizonte"?!
Ali, naquela Praça de S. Pedro, com milhares e milhares de outros peregrinos, busquei centrar o "olhar do coração" no que significava aquele último abraço ao mundo - visivelmente falando - no que me ensinavam aquelas últimas palavras pronunciadas como Sucessor de Pedro, no testemunho exemplar que me oferecia naquele sorriso e naquela entrega sem medida...
Como permanecer indiferente?
Como não sentir uma vertiginosa interpelação?
Como não valorizar e guardar aquele abraço, aquela presença, aquelas palavras?
Como não agradecer?
Aquele ancião, cansado, desgastado, decide, no silêncio e no "apagamento" da ribalta, ser a companhia de Jesus Crucificado, de Jesus Amor, orando pela Igreja para que esta seja rosto esplendoroso do seu Senhor.
Vio partir... e senti aquela comoção, aquela emoção, de quem está diante de gente "gigante", única, "poderosa", aos olhos de Deus.
Vio acenar uma última vez para mim, para cada "eu", para a Igreja, num gesto de cumplicidade e de paixão, de comunhão e de amor, que jamais esqueceremos aqueles que buscam a Deus e a Sua vontade.
Como então Bento XVI afirmava, servir e amar a Igreja comporta, por vezes, opções dolorosas, difíceis, sofridas...
Não, Bento XVI não desceu da Cruz. Ensinando à Igreja que esta não pode nem deve descer da Cruz; antes, nela permanecer pois que aí se encontra a "Árvore da Vida", a Fonte donde emana aquela paz e aquela felicidade que todos almejamos...
Pela última vez, também eu escrevo: "Obrigado Santo Padre".
"Obrigado Santo Padre
ResponderEliminarPelo exemplo de humildade,despojamento de tudo o que brilha, e não pertence a Jesus,é de louvar, quando se pode ter tudo, ser o centro do mundo, e se deixa resumindo a SUA vida à oração ,a Jesus Cristo e à Sua Cruz, servindo de uma forma diferente.
Foi de certeza a melhor escolha, a melhor parte, como disse Jesus a,"Maria escolheste a melhor parte" Lucas10,mas uma situação que pelo mundo será pouco compreendida,porque se "apaga",quando tudo agora quer é ostentação,mas renasce para Jesus e em nossos corações com maior força e contínua em Espírito e alma junto e rezando por nós,e nós também,e nunca esqueceremos este gesto de AMOR.
"Obrigado SANTO PADRE"
Nesta Noite de Oração que há pouco terminou, naquela Exposição do Santíssimo, eu quero dizer: Obrigada ! Foi tão bonito, foi tão gratificante para a nossa alma, para os nossos corações...Foi uma hora que passou a correr, mas que nos fêz sair mais leves daquela igreja de Carcavelos. A sua oração, a sua devoção, a sua entrega, fizeram-nos sentir mais de Deus. Nós todos precisamos que nos digam: Pára ! As nossas vidas são muito agitadas e precisamos de tempo para nos encontrarmos com Deus. Precisamos de tempo para rezar. Como dizia um grande amigo: “Pedimos de mais e agradecemos tão pouco. Somos uns pedinchões.” E é verdade. Há tempo para tudo, mas, nas 24 horas do dia, que tempo tem Cristo na nossa vida ??? 5 minutos, 10 minutos...? Dias e dias sem nos lembrarmos ? Ah, mas no Domingo fomos à missa !
ResponderEliminarImagine algumas pessoas que passaram por ali hoje, entraram, só para ver como era e saíram fascinadas.
A igreja estava cheia: cheia de gente, cheia de calor humano, cheia de silêncio, e cheia de oração. Foi tão bom Padre António, que não tenho palavras para lhe agradecer. A si ou a Cristo. Como alguém escrevia: “As palavras ainda nem sequer chegaram à minha boca e Tu já sabes o que eu vou dizer.”
Uma Santa noite e que Deus o continue sempre a iluminar e a dar-lhe essa força, para que Carcavelos continue sempre em transformação.
Não ponho o meu nome, porque acho que estas palavras deverão ser aquelas que muitos estarão a pensar ou pensaram quando saíram às 22.45 da Igreja de Carcavelos.
"Obrigado Santo Padre"
ResponderEliminarPelo amor e humildade demonstrada ao longo do tempo, que em união com todos nós, nos foi abrindo o caminho para o reino do Senhor,mais ainda por esta decisão inesperada, revelando um coração livre, cheio do Espírito Santo e pronto com humildade encontrar um caminho onde a Igreja e a Vontade do Senhor fosse soberana.
"Obrigado Senhor Prior" pela sua prioridade na vida,com sua vida, serem todos os seres humanos, que consigo se cruzam e sendo filhos de Deus,são aceites como isso independente de tudo,com amor,com humildade,com "lava pés".