quarta-feira, 17 de outubro de 2012

"Aquele abraço..."

Hoje queria louvar a Deus, agradecer-Lhe, sorrir-Lhe, de forma particular. Terei, obviamente muitas razões; demasiados motivos sempre para bendizer o nosso Deus...
Porém, hoje gostaria de Lhe agradecer um abraço. Simples, discreto, singelo, mas puro, verdadeiro, cúmplice, de verdadeira comunhão.
Não que ele não existisse, não que jamais se tivesse celebrado... no entanto, o coração lá o saberá, este abraço hoje teve um "sabor" diferente.
Como um filho diante do pai, como um irmão mais novo diante do seu irmão mais velho, como um iniciante diante de um sábio, assim senti hoje aquela conversa, aquelas palavras, aqueles sorrisos, aquelas preocupações, aquelas dores, aqueles sonhos, entre mim e o meu Bispo.
Numa conversa amena, simples, mas tendo como suporte o que vale mais - o amor à Igreja de Jesus Cristo que peregrina nesta Diocese de Lisboa - conversámos, melhor, amámos em conjunto esta Igreja que somos. E isso é belo, é grande, é nobre.
Se o Bispo é o pai e o amigo dos seus padres, como afirma o Concílio, esta tarde senti-o sobremaneira. Aquele rosto com traços de cansaço, mas com um sorriso que acolhe e desarma; aquele homem de cabelos brancos, figura pública e com o "slogan" de distante, mas tão próximo, tão presente, tão "pai"...
Aquele Pastor com, decerto, incontáveis preocupações, mas ali diante de mim, com essa predisposição de escutar o que tinha para partilhar como se eu fosse "único" e os meus problemas e os meus sonhos, as minhas mágoas e as minhas alegrias a ganharem morada naquele coração gigante de quem sabe e quer ser pai de verdade.
Com tempo marcado para aquela conversa, ele prolongou-se consideravelmente para além do "combinado"; afinal quando são os corações a dialogar, as agendas tornam-se acessórias e secundárias. Quando as almas mergulham na mesma órbita, o tempo é efémero e dispensável; o que vale e importa é a unidade e a comunhão que se podem experimentar.
Por isso mesmo quero agradecer a Bom Pastor que hoje, mais uma vez, incarnou no acolhimento, na partilha e na amizade do Bispo com um dos seus Padres. Claro que naturalmente por e com todos os outros. Mas cada um sabe e sente por si mesmo...
Aquele abraço, fim de muitas palavras e muitos silêncios, são um sinal de amor à Igreja, a Jesus Cristo que, todos dizemos querer amar e servir; aquele abraço é bênção, é paz, é alento, é confiança, é Evangelho, na vida. Uma conversa, um partilhar, um acolher, sem pressas, sem defesas, onde se sente e sabe que Cristo reina, impera, comanda, esta Barca que é a Igreja e na qual somos apenas, cada um ao seu jeito, remadores... o Timoneiro será sempre Jesus, por mais que se tente remar para o lado oposto daquela margem a que o Mestre nos desafia a alcançar.
Precisamente porque somos humanos, pregadores do invisível e do divino, precisamos de sinais que fortaleçam e sublinhem o caminho da fé que abraçamos. E aquele abraço foi esse sinal - mais um - de que o Céu é o Caminho certo, é a aposta já conquistada...
Sim, fui um filho, sou um filho, que percebe, sente, compreende e ama - mesmo muito - o pai na fé que o Bom Deus me oferece. E orgulho-me disso. Mesmo que outros me não compreendam, ainda que outros possam desdizer o que escrevo, o coração terá sempre razões que a razão desconhece...
E por isso - mesmo só por isso - agradeço a Deus.
Afinal não há nada mais belo na Igreja que a comunhão, a cumplicidade, a verdade. Afinal, não há nada mais significativo na vida de um Padre que saber e sentir, e a isso estar disposto, que no amor e no amar e dar a vida pelo seu Bispo. Continuo a acreditar que assim se escreve e vive o amor à Igreja.

10 comentários:

  1. Prior, não posso deixar de manifestar aqui o meu agradecimento a Deus pelo seu compartilhar. Estou verdadeiramente emocionada!
    Que grande testemunho de unidade e comunhão! é como diz - "É belo, é grande, é nobre."

    Bem haja por partilhar connosco o seu sentir, esta sua vivência feliz com o nosso bispo.

    Que Deus abençõe os dois.

    JR

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  2. São assim, os abraços de Deus... :)

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  3. Abraços desses valem bem mais que muitas palavras. Ficamos felizes por continuar a perceber a comunhão do nosso prior com a Igreja e o seu amor por ela que somos nós. Obrigado senhor Bispo. Obrigado senhor Prior.

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  4. Pe. António
    Com grande emoção li todo este partilhar em que o Seu coração deu "Aquele Abraço" tão desejado,com um encontro de Paz,de alma e coração,onde o tempo não conta,a agenda não conta, porque a sintonia e o encontro de corações existe.
    Cada palavra deste partilhar descreve todo o seu sentir de uma forma profunda, de um coração cheio de amor a Cristo,mas com o desejo de tudo Lhe ser claro nesse amor,na Igreja,ao decorrer da minha leitura as lágrimas caíram porque eu sei o quanto estas palavras são sentidas do mais fundo do Seu interior.
    Manifestar sentimentos é sinal de amor ,de entrega ,de verdade e quem não compreende e desdiz é porque lhe falta capacidade para amar.
    Muito gostaria de dizer acredite ,só digo...SEJA SEMPRE O NOSSO PADRE ANTÓNIO.assim simples que fala com o coração,não escolhe as palavras para agradar.
    Amei cada palavra,cada "sentir",Bem Haja

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  5. Só na cumplicidade e no amor se pode sentir o Senhor e seguir caminhando com toda a fé, todos na mesma direção,tendo como principal "Timoneiro" Jesus e Sua Igreja.
    Não me canso de ler este partilhar,forte, sincero,humilde, é de uma descrição tal e profunda que perante nós passa todo esse Abraço de um pai para o filho que acolhe ,entende e é entendido.
    Não à palavras,apenas ler,acolher,e sentir como também nos fortalece a nossa fé sentir a união entre a IGREJA que nós amamos.

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  6. Com grande alegria que leio este texto, a Igreja so assim descrita desta forma tem sentido!

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  7. Daqueles corações abertos a Cristo correrão rios de Água Viva para a Vida Eterna.
    Esta é a lição a tirar deste Abraço, abraço do tamanho de Deus. Destes corações corre água que mata a sede, pois é o Amor de Cristo e da Sua Igreja que vem até nós.Lava a nossa alma, tansforma a nossa vida. Água purificada.
    Obrigado por tudo, Pe. António.
    O Senhor protege aqueles que se entregam e estão prontos para o serviço do Lava Pés.

    Um abraço em Cristo

    João Jerónimo

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  8. A comunhão entre a Igreja e todos aqueles que a acolhem, deverá ser sempre de amor, de fraternidade, de união, de conforto de ´ombro amigo´...de tanta coisa, para que nós católicos sintamos essa mesma comunhão !
    Há homens de grande sabedoria, homens que dedicam a vida inteira a ensinar e a transmitir tudo aquilo que Jesus nos quis ensinar (nos ensinou), e que por vezes, não ´cabe´ no nosso pensamento. Não é que sejamos de compreensão lenta, é simplesmente porque a nossa mente e o nosso coração não tiveram aquele chamamento que nós tanto gostaríamos.
    Quando vemos que ali, diante de nós, está um homem, que até poderá ser igual a todos os outros, mas é especial, sentimos a sua força (por muita força que possamos ter), sentimos que as suas palavras nos ajudam (por muita sabedoria que tenhamos dentro de nós...), sentimos que há sinceridade e que a Igreja é isso mesmo.
    Li o seu pensamento, como leio todos. Já disse e repito que este ´blog´ é extremamente importante. Quando leio (eu e outros, atentamente), estou a alimentar o meu pensamento, a minha alma, o meu coração, a minha fé, para que eles tenham ´mais´ sabor e que ´apimentem´ o meu amor a Cristo.
    Hoje, quando li o seu pensamento...gostei muito, por ver que o abraço que sentiu do seu Bispo, poderá ser (e deverá ser) aquele que tantos e tantos têm sentido quando recebem um abraço seu.
    Os abraços sentidos, ´aquecem´ os corações que por vezes se possam sentir magoados e deprimidos. Ajuda a curar alguma ferida ( se é que a há).
    Um abraço sentido entre vocês os dois, que poderá ser um abraço que ´amanhã´ poderá dar a alguém que esteja ansioso por esse abraço...E já houve tantos em Carcavelos ! Tanta gente que se sentiu mais gente com um simples abraço, com uma simples atenção, atenção essa que, se calhar nunca lhes foi dada, por serem pessoas que muitos nem se dignam a olhar....
    Há grandes homens que têm feito (ou podem fazer) a diferença no nosso viver.
    É de abraços sinceros que tem de ser feita a Igreja: sempre. Tenho aprendido muito nas suas homilias e, não é por acaso que vou a Carcavelos. Sei que...há padres que marcam a diferença na nossa ´escada´ da fé.
    Uns já nascem com esse dom, outros vão encontrando grandes mestres pelo caminho...
    R.A.

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  9. Simplesmente Obrigada por esta partilha tão sincera!
    Bem Haja Pde António pelo seu testemunho

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  10. A expressão variadas vezes não é fácil, eu tenho poucas palavras!... Sempre gostei de ti, de te ouvir e do que escreves, para mim és um irmão, desculpa não me consigo expressar mais,.,.,.,. Um bom abraço

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