sábado, 8 de setembro de 2012

"Rezar com os pés"

Foi uma experiência inesquecível.
Dura, bastante árdua até, mas para sempre gravada no coração de quantos ousaram fazer o Caminho de Santiago a pé...
Muitas palavras, imensos sorrisos, bastantes bolhas e dores musculares, incontáveis orações, celebrações eucarísticas que jamais esqueceremos, silêncios que tocavam o Céu, sorrisos cúmplices que amarravam os corações, desejo infindável de abraçar o Apóstolo...
Mas uma "marca", uma certeza tornou-se comum: rezámos com os pés.
Desde o primeiro segundo da nossa peregrinação, essa "imagem" e essa "ideia" iriam permanecer nos nossos espíritos: iríamos ter uma exigente, permanente e longa semana de oração.
O Terço era "companhia" permanente ao longo de cada etapa, de cada dia de Caminho; porém, todos ao mesmo tempo, mais devagar ou mais depressa, rezávamos com os pés. Tinhamo-nos comprometido a oferecer cada passo da caminhada; havíamos tomado consciência de que seria uma peregrinação onde cada segundo, cada momento, cada passo, fosse uma prece endereçada ao Coração de Deus.
E se algo de bom e memorável aconteceu foi, precisamente, essa constante consciência de que éramos um grupo que caminhava em permanente oração.
Confraternizámos, rimos, sorrimos, sonhámos, chorámos, partilhámos mas, acima de tudo, quisemos que os nossos passos fossem oração, fossem prece, fossem diálogo de amor, fossem oferta ao nosso Deus...
Na verdade, muito mais que repetir fórmulas religiosas, piedosas, orações rotineiras e balbuciadas sem sentido, quisemos rezar com os pés. E conseguimos. Com muitas dificuldades, a começar pelo permanente calor que se fez sentir, cada descida ou subida, feita com mais ou menos, ou até com muito sacrifício nalguns casos, sabíamos que estávamos a rezar... com os nossos pés.
Guiava-nos o desejo daquele abraço ao Apóstolo; seguíamos determinados a entrar naquela catedral de Santiago e, nesse abraço, após o reconhecimento da nossa condição de peregrinos, após cerca de 114 quilómetros palmilhados, no silêncio e na verdade do coração de cada um de nós, abraçar, sentir, entregar, pedir, confiar, e abandonarmo-nos no "colo" do Pai...
Regressámos já com um "plano" determinado, um objectivo a realizar, um sonho que havemos de tornar realidade: a Jornada Mundial da Juventude, em Julho de 2013, no Rio de Janeiro, à volta do Santo Padre e em comunhão com milhões de outros jovens que, decerto, ali se encontrarão.
Não foi um caminhar em vão, uma actividade de Verão, uma peregrinação a juntar a tantas outras; ao contrário, foi este tomar consciência que somos Igreja, responsáveis por uma Comunidade concreta e que nela havemos de mostrar os sonhos que nos guiam e a determinação real de os concretizar.
Falta menos de um ano para a JMJ de 2013; um gigante desafio se ergue diante de nós todos: os jovens, as famílias, a Comunidade paroquial... mas, porque como diz o poeta, "pelo sonho é que vamos", é já amanhã, que teremos a primeira reunião de preparação para a JMJ 2013.
O que rezámos com os pés será, com certeza, já uma alavanca fecunda e gozosa para conseguirmos alcançar os nossos objectivos.
Assim Deus, e a Sua Igreja, nos ajudem a concretizar o bem que já começámos...

9 comentários:

  1. Prior, Louvado seja Nosso Senhor!

    Que bom já podermos percepcionar, um pouco, o que deve ter sido a vivência da Peregrinação.

    São uns Valentes!

    Bem Haja pela partilha!

    Um abraço forte, em Cristo, para todos.

    JR

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  2. Deve ter sido uma experiência memorável. Pelo encanto estampado no rosto de dois jovens com quem hoje partilhei a caminhada feita, deve mesmo ter sido um momento que tão depressa não de desvanecerá destes jovens corações. Bem hajam a quantos proporcionara à nossa Paróquia este momento.

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  3. Deve ser gratificante (muito mesmo) para um sacerdote ver o que conseguiu fazer em menos de um ano numa paróquia. “O bom filho à casa torna”...e eu tenho a certeza que esta volta não foi por acaso. Pergunto mais uma vez: o que seria destes jovens sem um padre António no caminho deles ??? Estas peregrinações, as Noites de Oração, as missas de Domingo à tarde, já para não falar das preparações das mesmas, que fazem com que um jovem se torne mais maduro, mais consciente.
    O Pe. António deixou a sua marca pelos ´caminhos´ por onde passou e um dia, estes mesmos jovens e outros que hão-de vir, terão uma vida muito diferente, muito mais exigente, mas muito mais digna como cristãos, por causa da presente, da existência do Pe. António em Carcavelos. É tão bom saber que há jovens a subirem a ´escada´ da vida com fé, com amor, sabendo partilhar, sabendo agradecer...sabendo perdoar... Depois de ler este pensamento, o que mais gostei, que entendi e acho que foi maravilhoso: aprender a rezar com os pés. Uma riqueza sem limites, numa juventude que por vezes anda perdida e que precisa de um braço estendido para que não vá pelo caminho errado.
    Haver uma meta para 2013, é pôr o pensamento a trabalhar, é pôr as cabecinhas a pensar.
    Que bom Padre António. Que bem que se deve sentir...o orgulho que deve existir dentro de si por toda esta caminhada com Deus, por todas estas caminhadas.
    Que Deus seja louvado !
    R.A.

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  4. era o caminho necessário, feito de um jeito com aquele selo do "fogo" que tem de se pegar ao mundo!

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  5. Pe. António
    Bem haja pelo Seu caminho cruzar-se com todos nós ,é de um profundidade cada Partilhar que nos presenteia cheios de amor,verdade e entrega, onde é a Sua vida que está lá,vive-a com todos nós até ao seu limite, que nos faz desejar ser melhores,todos de Jesus ,que Carcavelos O saiba estimar,e cooperar.
    Não tem palavras,não tem comentário digno de todo este viver.
    OBRIGADO Pe. António por nos dar este cantinho a quem já não pode viver tão intensamente todo esse viver e dedicação,e vamos matando a saudade...
    beijinho

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  6. Espero que a experiência tenha servido para se aproximarem uns dos outros, de Deus e consequentemente de Vós próprios!! Só quem voluntariamente se expõe às dificuldades sabe dar o valor ao esforço dispendido para as ultrapassar!! E é precisamente do esforço e da dureza dos desafios que se moldam as personalidades que sabem dar valor ao que realmente importa... Forte abraço a todos e Bem Haja Padre António pelo altruísmo e dedicação de uma vida em prol dos outros! Não conheço exemplo maior...precisamente aquele que Jesus Cristo nos deixou!! Luís Martins

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  7. "Rezar com os pés"
    Quando alguém ouve ou lê a frase sem a sentir, isso mesmo rezar,caminhar com os pés como uma única meta a verdade e a procura do ABRAÇO a Santiago e a Jesus,talvez não consiga compreender e pense ser uma expressão nova apenas,mas não, é um sentir profundo e uma vontade enorme de nos mostrar que o que o mundo nos oferece não é nada,apenas o amor de Jesus até ao nosso limite importa e nos enche o coração e nada se compara ao que Jesus nos ama e sofreu por todos nós.

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  8. "Bastarão apenas as palavras?
    Claro que não, é por isso que o Pe. António faz toda a diferença, existe verdade,entrega amor e vivência em conjunto com a Comunidade e é isso que nos faz seguir Cristo,não só as Palavras,mas a palavra passada a atos ,porque o teórico melhor ou pior vai,mas a obra a ação o tempo nos ensina quem a tem e quem é de verdade de JESUS.
    Boa tarde seja sempre o Pe. António que conheci livre para Deus, direto e com amor. Beijinho

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