quarta-feira, 9 de maio de 2012

"Amor agendado?"

Estamos em pleno mês de Maio, tradicionalmente com um "cunho" e um cariz mais Mariano que os demais meses do ano. Nunca entendi muito bem porquê! Responde-se que é o mês da primeira aparição de Fátima (mas a "Senhora mais branca que o sol" apareceu nos meses seguintes!!!); que é o mês do Rosário (Nossa Senhora pediu que se rezasse o Terço todos os dias)!...
É bom que nós, cristãos, nos detenhamos a olhar "com os olhos do coração", os olhos da fé, essa figura única e incontornável do caminho da Igreja; é bom que acreditemos que Maria tem na história da salvação um "papel" e uma mediação" inultrapassáveis...
Todavia, quando chegará o dia em que a nossa devoção a Maria deixa de se confinar a um determinado mês do ano ou à celebração de um dia especial?!
O "Sim" de Maria é ocasião de conseguirmos maravilharmo-nos todos os dias da mossa peregrinação pois que é paradigma dos passos que devemos de dar para conseguirmos essa completa e absoluta identificação e comunhão com Aquele a Quem temos por Senhor e Salvador.
O mês de Maio, se ganha, na nossa fé, uma "tonalidade" mais "Mariana" então ela deve servir para uma aprendizagem crescente nesse "Sim" que transfigurou a História e nos deu O Salvador.
Na verdade, será sempre empobrecedor uma devoção religiosa que se confine ou reduza a um tempo ou a um espaço determinados sem consequências para o "amanhã" que vem depois!
Não percebo bem como se ganha disponibilidade, devoção, vontade, fé, para rezar o Terço, sozinho, em família, em Comunidade, durante o mês de Maio (alguns retomam essa característica religiosa em Outubro) e, logo depois, esse maravilhar-se e essa devoção Marianas são tão depressa substituíveis mal entramos no mês de Junho!
Será isto sinal de devoção séria e profunda?!
Significará esta postura uma autêntica e apaixonada relação com o sagrado, com o Evangelho?!
Então Maria de Nazaré não é um "todo" durante o ano inteiro?!
O seu "Sim", a sua figura, o seu testemunho, a sua presença, são apenas valiosas e credíveis durante um determinado espaço de tempo?!
Começar - como muitos de nós começámos - ou recomeçar uma relação, que se procura seja sempre amorosa, abandonada, confiante, com Nossa Senhora, pode ser início ou reinício de caminho filial com a Mãe de Deus e nossa Mãe. Que não tem de terminar, necessariamente, no dia 31 de Maio!...
Mas que pode - e deve - continuar no resto do ano, no resto da vida...
Maria será sempre, todos os dias, essa escola de fidelidade e comunhão com Deus.
Maria será sempre, esse exemplo de fé, abandono e entrega, Àquele que derrama o Seu Sangue pela salvação de todos os homens...
"Quereis oferecer-vos a Deus", com a ajuda e a protecção de Maria, é a pertinente proposta lançada aos nossos corações crentes.
E a resposta decidida e "pronta" de Nossa Senhora, lembrada e relembrada em cada mês de Maio tem de ser modelo de caminho para cada dia do nosso peregrinar...
Que as nossas "Avé-Marias" lançadas ao Céu e ao Coração da Mãe de Deus neste mês de Maio nos dê a sabedoria e a fortaleza para teimarmos em olhar para essa Advogada da Graça todos os dias desta nossa vida de caminhantes, de peregrinos, de servos do Evangelho e da Igreja...

14 comentários:

  1. Grande verdade esta que o nosso Prior nos relembra. Como podemos ter amor a Nossa Senhora apenas em Maio? Como podemos reduzir a fé a dias ou a horas calendarizadas nos nossos horários mais convenientes? Será que o amor a Deus e aos outros pode ser feito por marcação? Será que conseguimos ser de Deus agendando essa entrega e essa fé que dizemos ter?

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  2. Nesta era que estamos, o mundo vive agendado para tudo,até para os sentimentos,para a fé ,vivendo em função do calendário,quando os sentimentos,o amor,a fé,a entrega,não tem tempo,nem lugar,é simplesmente amar,amar ao jeito de Maria, que disse o sim sem hesitar, que entregou a Sua vida sem pensar em nada.
    Eu de pequenina lembro-me como se fosse hoje andava na catequese e via as catequistas com o terço na mão e pensava eu tenho que aprender como se reza,mas não queria perguntar, até que lá consegui aprender,mas não na totalidade e todos os dias rezava dois,três, o pior foi depois...quando pensamos que dominamos o mundo e tudo...hoje senão rezar, algo em mim está muito mal,e sinto a necessidade imperiosa de o fazer à Virgem Maria nossa Mãe Maria Santíssima que é a nossa protetora e que intercede por todos nós.
    Nós temos que pensar que além de um "Pai no Céu, temos uma doce Mãe" que nos ama muito.

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  3. Avé Maria... hoje e sempre!
    Obrigada, Pe. António :D

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  4. Maria ao dar o "sim",nos mostra a Sua humildade,acolhendo silenciosamente a vontade divina ,o que Nela se realizava e esse sim que a torna a Mãe de Deus.
    A Maria-Mãe corajosa associando-se ao sofrimento do Redentor, Seu Filho muito amado,e quando nas bodas de Caná onde realça a Sua intercessão,quando percebeu que estava faltando o vinho e murmura ao Seu Filho.
    "Que as nossas "AVÉ-MARIAS lançadas ao Céu nos dê sabedoria e fortaleza para todos os dias olharmos a Advogada da Graça..."

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  5. Ao olhar o mar e o céu (fundo do blogue) quase se confundindo... como se fizesse um caminho para o Infinito...para Deus,faz-me pensar como a Natureza é perfeita e bela ... nós passamos tantas vezes por ela e não conseguimos usufruir de nada ,apenas pensamos que somos donos da nossa vida,ou melhor, da vida, que somos eternos e que fazemos,e sabemos tudo por nós próprios...puro engano,nada somos sem ELE,DEUS,que tudo fez por nós para cuidarmos e usufruirmos com amor,nos concedeu alguns dons para os pôr ao serviço do irmão,nos deu nossa Mãe Maria Santíssima para interceder por nós.
    E como é que nós perante tanta beleza, deixamos passar a vida por nós,sem percebermos nada?É preciso Deus nos sussurrar,nos chamar para ELE,quando temos tudo à frente de nós,e como inteligentes que somos, se pensarmos um pouco só constatamos que não dominamos absolutamente nada, é tudo pura ilusão do nosso ego,fútil e vazio. Só DEUS preenche o nosso ser,a nossa vida
    Nós não somos senhores da nossa vida,somos apenas administradores e isso tem de nos fazer reconhecer com humildade a nossa necessidade de Deus.
    Padre António bem haja por passar pela minha vida e me fazer reconhecer isso mesmo,nos alertar,nos desinstalar,com toda a Sua Fé e Amor em Cristo.

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  6. Tantas perguntas que ficam no ar...
    “...quando chegará o dia em que a nossa devoção a Maria deixa de se confinar a um determinado mês do ano ou à celebração de um dia especial?!” - Lê-se no pensamento do Pe. António.
    Muitos vezes eu me interrogo sobre o Advento, sobre a Quaresma, sobre o mês de Maria. E não sou padre ! Passamos e vivemos o Advento, a Quaresma, como de duas épocas que só pertencessem áquelas semanas e depois volta o nosso tempo ´normal´, em que já não há obrigatoriedade de...ir à missa de nos confessarmos...enfim, pensamentos que nunca passam de simples pensamentos.
    O mês de Maio é sempre destinado, dedicado a Nossa Senhora e, no resto do ano, a mãe de Jesus é esquecida, ou quase esquecida.
    Teria sido muito mais fácil o padre António falar simplesmente no mês em si e na pessoa que Maria foi e é. Mas foi mais longe, foi até de encontro a tudo o que eu também penso (e muitos de nós).
    Maria foi a imagem da simplicidade, da devoção, da entrega, da cabeça erguida, da confiança, do amor, da oração, da fé. Maria foi a imagem de tanta coisa bonita !
    Ainda um dia destes, num encontro de catequistas, em que tivemos uma noite de oração, foi lindíssimo o que nós falámos sobre Maria, os encantos que ela teve e tem para o Mundo (ou deveria ter). Ela aceitou, mas antes de aceitar, acreditou. E aceitar a presença do Anjo, e aceitar Deus tê-la escolhido para mãe do Salvador....é coragem, é amor, mas acima de tudo é fé, é um acreditar muito, mas muito grande. Maria foi a primeira crente da história, a primeira mulher que fêz com que nós hoje possamos olhar o mundo de outra maneira (ou devessemos olhar). Ela gerou o Salvador e entregou-O para Ele ser crucificado. Não foi ela que O entregou, mas estava escrito e Maria confiou, rezou, chorou, mas a ressurreição era mais forte que tudo o resto.
    Punhamos os olhos em Maria e com ela vamos aprender o que é realmente amar. Nunca lhe chegaremos aos calcanhares, mas poderemos chegar mais perto do ´céu´, chegar mais perto de um Cristo que ressuscitou.
    Rezar o terço todos os dias no mês de Maio. Depois temos o quê ? 11 meses de férias ? Rezar o terço é muito mais do que simplesmente...rezar. É preciso uma grande capacidade de interiorização, de conseguirmos fazer silêncio dentro de nós, e não sermos papagaios. E por vezes, as nossas preocupações do dia a dia, não nos deixam estar ´mergulhamos´ a 100% na oração. E, na minha opinião: ou rezamos ou não rezamos. Lembro-me que há uns...três anos, fui a Fátima com a minha sogra. Ela tinha feito uma promessa de ir lá e rezar na Capelinha das Aparições 9 terços. É isso mesmo: 9 terços. Eu, engoli em seco, 1º porque não sou nada dada a essas coisas de...promessas e depois porque...9 terços ? Uau ! Era obra. Se um, é complicado conseguirmos estar cerca de meia hora concentrados, imaginemos 9. Mas fomos. Eu, fui à Basílica, como sempre faço. Áquela hora estava muito pouca gente e rezei o terço calmamente. Como me foi ensinado: antes de rezar, fazer silêncio dentro de nós. Cerca de 45 minutos depois, vim p´ra baixo e ela estava a sair da Capelinha. Tinha de perguntar: Já rezaste os 9 terços ? Resposta: “Não, rezei só 3, mas é a mesma coisa. “ Enquanto eu rezei um, ela rezou 3 !
    Este é um exemplo, como haveria ´n´ exemplos de como por vezes não estamos a rezar, mas a papaguear.
    Cristo merece muito mais. Maria merece mais. E nós temos de ´viver´ estes tempos (Advento, Quaresma, mês de Maio...) durante todo o ano, (como diz um escritor) “para que possamos viver sempre na grandiosidade e na beleza do amor de Jesus”.
    Não queremos um “amor agendado”, queremos um amor vivido, com todas as nossas forças, com todo o nosso coração. A única coisa que eu tenho agendado, são reuniões. A nível de fé, não agendo nada. Abro o meu coração, fecho os meus olhos, (tento) fazer silêncio dentro de mim e viver intensamente cada oração, para que eu seja cada vez mais de e com Cristo.
    Obrigada Padre António. Foi muito bom ler o seu pensamento. Tudo isto nos enriquece.
    Ouví-lo (nas homilias ou nos pensamentos) é uma aprendizagem muito rica.

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  7. Gostei muito do testemunho da Mafalda Varela e do Pedro Teixeira, são estes jovens a esperança do amanhã, é esta semente que o Padre António vai lançando dia após dia,sem desanimar,subindo cada degrau,até as nossas resistências darem lugar ao "caminho de Deus",Carcavelos precisava de SI,ESTORIL continua a precisar de SI cada vez mais,antigamente quando entrava a porta da Igreja via o meu Prior,«Olá jovem» agora se quero ver o Prior, terei de me deslocar à Boa Nova,porque será? a Paróquia é mais pequena será?...menos interessante...
    Padre António não mude,faz toda a diferença.

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  8. A prova maior que o amor não se agenda esteve em evidência na celebração da Eucaristia das 19h de domingo.
    Um abraço
    LF

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    1. Concordo plenamente consigo. A maior prova de amor que foi agendada foi mesmo na celebração das 19 do passado Domingo, e depois na 3ª feira à tarde, quando foi ver a família ao fim de 19 anos.
      Ainda dizem que um padre não faz toda a diferença ? Um padre ´vira´ uma igreja de pernas para o ar, e cá está Carcavelos: uma igreja onde até já dá ´prazer´ ir rezar.
      Uma observação: numa homilia há...2 semanas (penso) o Pe. António dizia que houve 7 párocos em 15 anos. Como é que é possível !!!!Porque será ? Quem anda a destabilizar a igreja de Carcavelos deveria partir para outras paragens. Acreditar não dá direito a invejas, nem a ´brincadeiras´.
      Só peço a Deus que ajude este padre que temos a permanecer num local que necessita dele a 100 %.
      Obrigada Pe. António, obrigada Cristo por tudo o que nos dás, e abençoa o nosso Prior. Ele aprendeu muito no passado e aprendeu muito bem as lições que lhe ensinaram. Teve muito bons mestres. Hoje está à altura de nos ´oferecer´ muita coisa e de nos fazer crescer. Arroios ´perdeu-o´, Estoril ´perdei-o´. Nós sabemos que não o vamos perder. Esta é uma certeza de quem tem fé.
      Uma noite feliz e rezemos pela nossa comunidade e pelas vocações sacerdotais para que possamos continuar a crescer na fé e no amor a Deus. Para que haja sacerdotes com S grande, que saibam transmitir-nos valores.

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    2. O Pe António é um Sacerdote e um ser humano incrível,com um coração preocupado com todos desde os pequeninos, para os levar a conhecer Jesus, até aos menos jovens para os fazer permanecer em Cristo,e o pior é que quando não temos as pessoas é que lhes damos o valor e isso é um pouco tardio (não é o meu caso)se alguém não nos diz exatamente o que queremos ouvir,se nos desinstala da nossa vidinha cómoda e nos diz que amar a DEUS não é só de boca,mas sim de atos,não é só ir à missa ao Domingo, esquecer que Jesus está todos os dias no nosso irmão que se cruza connosco ao virar da esquina que o temos de respeitar,e que à tanta coisa que podemos fazer,melhorar as relações humanas, essa pessoa torna-se incomoda e porquê? porque realmente não amamos Jesus com a nossa vida,com todo o nosso ser.
      Pe. António dava tudo para O ter no Estoril,sabe bem disso,mas se assim tem que ser,desejo-LHE que O amem;O estimem,que O compreendam,que seja feliz fazendo os outros felizes e se um dia voltar ao Estoril e eu ainda tenha forças para O ajudar no que for necessário,vou estar...nunca se sabe... OBRIGADA

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  9. "O Amor Agendado...." nunca tinha pensado nisto!
    Talvez porque Maria está presente todos os dias nas minhas orações e na minha vida....
    mas é pertinente esta meditação sobre este mês de Maio em que a Mãe do Céu ganha tanto relevo para depois cair quase no esquecimento....
    Obrigada Pde António por ter partilhado esta realidade

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  10. Avé Maria! Obrigada Pe.António pelos seus pontos nos "ii". Muitos beijinhos e saudades :)

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  11. "Folha informativa" que "Saudade" quando chegava à Igreja, e no banco estava a folha com todo o meditar do Prior...nos fazia ler,sugar cada palavra que nos transmitia o grande amor a Cristo, de que é portador,tudo acaba...mas não acabou o que nos transmitiu, está em nossos corações nos fazendo atuar, mesmo sem o Pe António, como nos dizia que era apenas o fio condutor,mas um fio que nos prendeu, porque para a energia passar o fio condutor tem que ser são e puro.A semente que lançou,está a ser colhida agora,não por SI,mas por outro alguém,mas Deus vê tudo...nós por vezes não compreendemos o porquê.
    À muitas pessoas a precisar de SI,que Deus O ajude a fazer a Vontade de Cristo,não a dos homens,sempre com a mesma dedicação.
    Bem haja

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