domingo, 15 de abril de 2012

"Não acreditarão!"
 
Apenas se formos demasiados surdos e apáticos, indiferentes e anestesiados, deixaremos de escutar e de nos inquietar diante dessa interjeição e desse "grito" do mundo: "Não acreditarei"!
Somente na medida em que nos deixarmos encerrar no nosso "ego" e aceitarmos esses "grilhões" que nos aprisionam a um individualismo que "mata" e que "cega" a nossa vocação a sermos Igreja e Comunidade, recusaremos a atenção ao eco e às consequências dessa inquietação dos homens deste tempo: "Não acreditarei"!
Na verdade, "paira" no "ar" essa provocação de homens e mulheres que buscam encontrar Deus e a Sua salvação na vida quotidiana daqueles que se afirmam discípulos de Jesus de Nazaré! Porém, exigem que nós, Igreja, vivamos ao jeito do Mestre; exigem que espelhemos a Boa Nova por Ele pregada e vivida; pedem que lhes revelemos a paz e a vida próprias de quem tem Jesus na vida, no coração!
Com efeito, cada vez menos, nesta "hora" da História, o mundo precisa de palavras, de "histórias", de "sermões", de "catequeses" ou "teologias" desprovidas de vida, de encarnação, de testemunhos credíveis dessas mesmas palavras!
O mundo, os homens, necessitam que lhes mostremos o Lado Aberto de Jesus, que lhes revelemos os sinais dos cravos, as marcas da Paixão de Cristo, ou seja, os sinais eloquentes do Amor de Deus revelado e vivido até ao extremos pelo próprio Jesus de Nazaré.
Quando nos reduzimos, enquanto Igreja, enquanto Povo de Deus, enquanto celebrantes da Páscoa, a vãs palavras e a vazios princípios, a ocos horizontes e a estéreis liturgias, o mundo não aposta, não crê, não adere, à mensagem de vida e de verdade que a Igreja comporta e carrega consigo ao longo dos tempos!
Enquanto teimarmos num individualismo desencorajador, enquanto testemunharmos a falta de compromisso com a vida de cada outro, enquanto reduzirmos a nossa adesão ao Evangelho a rituais e a gestos supérfluos, os homens não acreditarão!
Sempre que são vaidades e desejos de sobranceria aquilo que nos conduz enquanto comunidade, o mundo não acreditará!
Cada vez que somos causa de discórdia, de maledicência, de egoísmos e de indiferenças enquanto os nossos irmãos padecem de razões de esperança e de fé, eles não acreditarão!
Se teimarmos em ser Igreja que se gasta e desgasta em conflitos e guerras internas em detrimento do serviço e da generosidade, da verdade e do compromisso com a cruz de cada outro, aqueles que precisam de encontrar Deus na nossa vida, não acreditarão!
Páscoa é sempre compromisso com o nosso irmão. O sepulcro vazio implicará uma transformação no nosso pensar e nosso agir. A evangelização, para ser eficaz e credível, urge a nossa entrega e a nossa dedicação à história e ao coração daqueles que se cruzam connosco!
Senão, senão, o mundo afastar-se-á do Evangelho e de Deus, jamais acreditando no Mistério da Ressurreição...

11 comentários:

  1. Também penso e creio nestas palavras! Elas revelam um profundo sentido da realidade. Relembram-nos a todos nós cristãos que não podemos amordaçar a nossa fé e que não a podemos reduzir à Missa que celebramos cada Domingo. Ser de Deus é muito mais que isso. E nós, na generalidade, contentamo-nos com isso. Descuidamos o compromisso com os outros, com a Igreja, perdidos no nosso «eu» e desviando o olhar e a vida dos outros e da igreja. Depois queixamo-nos que o mundo não nos entende, que as pessoas fogem da igreja, que não renovamos a paróquia. Pudera! Nós somos os primeiros a desresponsabilizarmo-nos.

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  2. Adoro levantar-me cedo. Acho que o dormir faz parte de uma sequência de cansaço que necessitamos de libertar. A partir daí...já não é dormir é desperdiçarmos muito do nosso dia (formas de pensar). Um dos objectos que mais vejo à minha frente é o computador e nele, encontro sempre coisas muito bonitas. Falo do computador, pois é a enxada para o meu trabalho.
    E hoje encontrei um pensamento do Padre António (não tão bonito como o Perfume de Vida) mas muito verdadeiro, e riquíssimo nas suas palavras (como sempre). “Não acreditarás !” E é verdade. Infelizmente é verdade. Ontem, encontrei-me com um grupo de pessoas que fizeram parte do meu percurso, de um percurso muito bonito, numa das igrejas onde o Pe. António já foi Pároco, e de muita coisa que me tocou, que me comoveu, houve algo que me deixou a pensar: uma das que fazem parte do nosso grupo (ficámos todos juntos na missa), sentou-se ao meu lado e disse-me: “Sabes, estou preocupada com isto tudo. Esta igreja, esta gente, esta falsidade, esta gente que se diz igreja e não o é, e que bate com a mão no peito...faz-me questionar sobre a minha fé. Sinto que ando a perder a fé por tudo o que vejo e às vezes já nem sei porque estou aqui.” Estas palavras soaram que nem uma ´bomba´ dentro de mim. Uma pessoa que faz parte daquela igreja há tantos anos, que é muito mais velha do que eu e que sempre achei que não vacilava...estava ali, com os olhos ´pequeninos´ e com estas palavras tristes, que eram de uma interrogação, de uma incerteza constantes. Rezei por ela, e pedi a Deus por aqueles que ´destroiem´ a igreja, que dão cabo de tudo aquilo que outros construiram.
    Meu Deus...olho para aquela igreja, que há-de ser sempre a minha igreja, e vejo-a tão diferente ! Antigamente havia vida, havia força, havia ´eco´, sentia-se e respirava-se fé, ´vivia-se´ Cristo. Hoje é tudo muito diferente, embora, eu, sempre que vou a Lisboa, o meu carro ´empurra-me´ e adoro entrar e rezar. Foi lá que tudo começou...
    E hoje, ao ler o pensamento do Padre António, voltei a pensar naquela pessoa que se sente (como tantas) insegura, por causa das criaturas que não sabem o que é ser igreja, o que é ser de Deus, o que é acreditar, que estão ali...por estar, para dizer mal, para haver discórdia, e depois...e depois fazem com que os ´verdadeiros´, com que a ´verdadeira igreja´ vacile.
    ´Pego` na frase do Pe. António...“Cada vez que somos causa de discórdia, de maledicência, de egoísmos e de indiferenças enquanto os nossos irmãos padecem de razões de esperança e de fé, eles não acreditarão!”. Isto é a pura das verdades.
    Dava vontade (sem ofender) de dizer o que um dia um sacerdote disse no final de uma eucaristia: “Metam as mãos na consciência, mas metam mesmo. Vejam o que andam a fazer. Quem destabiliza, quem está aqui por estar, quem vem à missa por vir...ponha a mão na consciência e, devagarinho...vá saindo. E no fim, vamos ver quantos ficam ! Esses deverão ser a igreja com que Cristo sempre sonhou.”

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  3. "Cada vez que somos causa de discórdia, de maledicência, de egoísmos e de indiferenças, enquanto os nossos irmãos padecem de razões de esperança e de fé, eles não acreditarão...."
    Dá muito que pensar e cada vez sinto mais a importância e a urgência de marcar a diferença. Às vezes pergunto-me que posso fazer... É algo que entrego para Deus hoje, porque é uma inquietação que toma conta de mim e que me leva a questionar-me cada vez mais.
    Tornou-se habitual, e cada vez mais uma necessidade, entrar nesta página e aproveitar para "rezar"....
    Obrigada Pde, António

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    1. Este ´blog´ é um vício, mas um vício muito positivo e que nos ajuda muito, que nos enriquece. Obrigado padre António !

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  4. "Não acreditarão"
    Têm que acreditar,para isso existimos,nós que trazemos jesus no coração e disso temos de dar testemunho,quando me ajoelho perante Jesus e Lhe peço Luz para me iluminar para que eu consiga fazer a Sua Vontade e força para a difundir.
    Em tempos quando deixei o meu trabalho,fizemos todos um jantar(único)nunca tinha ido a nenhum, e no fim ofereceram-me uma medalha com a rosto de Cristo,chorei,emocionei-me muito,e no fim procurei, porquê O rosto de Cristo e a mim,a resposta foi,nós sabíamos que era o que te iria fazer mais feliz,e nada sabiam da minha vida,mas souberam ver no meu procedimento que Jesus habitava fortemente no meu coração,hoje ao falar ainda choro. Por isso só nós temos que fazer acreditar.
    O Pe. António transmite-nos com todo o amor,e entrega Jesus,assim nós temos de seguir,o mesmo sentido,com caminhos diferentes, e o mesmo horizonte, Jesus

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  5. Hoje pensei todo o dia que a Fé, como o poder que vence o mundo como diz S. João na sua carta, é Dom de Deus. Nada depende de nós e por isso particularmente hoje que é domingo da Misericórdia, devemos abrir o nosso coração ao Amor de Deus apesar da nossa vileza e incapacidade. E temos de pedir a Fé - pedir para ver, como S. Tomé - e abrir o nosso coração à revelação de Jesus - como S. Tomé que diz "Meu Senhor e meu Deus". O mundo só pode acreditar nos cristãos quando tivermos Fé. Precisamos de rezar muito e pedir a Deus que nos conceda o Seu maior dom. Beijinhos, Pe. António :)

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  6. Pe. António
    Bem haja,quando abrimos o blogue emana sempre para nós algo belo, que nos faz abrir para a vida,para Deus,para o mundo,desde o mar, até à casa de Deus,tudo.
    Agora à um espaço de tempo que dá para visionar bem,é lido!...

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  7. Perdoem-me o atrevimento, mas quando olho para o rosto de Jesus na figura apresentada, parece-me conseguir adivinhar o seu pensamento: "Mesmo desacreditado não posso desistir dos incredulos". Helena

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  8. fiquei a compreender de uma forma diferente a atitude de Tomé... afinal somos responsáveis por essas atitudes e não é ele o culpado!
    obrigada por oferecer sempre perspectivas diferentes!

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  9. Algumas pessoas são como S.Tomé ,"ver para crer"
    Outras como S.Paulo que encontram o chamamento de uma forma profunda que acabam por dizer"Já não sou eu que vivo,é Cristo que vive em mim"
    E outros que amam incondicionalmente, sentindo uma fé tão forte que nada os faz vacilar.
    "Deus é assim" dá-nos liberdade absoluta, para nós trilharmos O Seu caminho. Pe. António desejo,que a Virgem de Fátima vos tenha inundado o coração do Seu amor.

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