terça-feira, 17 de janeiro de 2012

"Sempre o que vale mais!"

Escrever continuará sempre a ser uma forma privilegiada de comunicar; mais ainda quando essa escrita, por mais pobre, banal ou simples que seja, falar da experiência do coração. Escrever é também essa oportunidade, sempre renovada, de nos expormos, de nos entregarmos, de nos oferecermos e partilharmos o que somos, sentimos e vivemos...
Também é óbvio que podemos "adulterar", pela escrita" a intenção original, ou seja, poderemos sempre afirmar que fazemos, sentimos ou vivemos algo que não corresponda à verdade da vida! Mas isso será sempre fraude existencial!
E não é isso que se pretende quando se fala na primeira pessoa; pelo menos eu jamais o faria. Quando escrevo faço-o a pensar em mim e em cada um daqueles que, porventura, olharem estas letras e ousarem entender o "pulsar" do coração que me habita...
Escrevo, portanto, para reforçar, em mim e em cada outro, aquilo que vale mais, aquilo que importa deveras, aquilo que acredito ser a única verdade que enche e preenche o viver quotidiano de cada um de nós. Escrevo para sublinhar, na razão, na inteligência, no coração, aquele sentimento avassalador e contagiante que consegue transformar o mundo em cada tempo: o Amor.
Bem sei que esta é uma "palavra" demasiado gasta; é até um "sentimento" ambíguo em demasiadas vidas; é realidade desacreditada em outras tantas... Todavia, eu teimo acreditar que "Amor" não é palavra vã, não se reduz a poesia ou a romance, não se traduz apenas em canções ou "grandes metragens" mais ou menos visionadas por espectadores passivos e alheios a esse mesmo sentimento!
Verdadeiramente, creio que o Amor, essa capacidade de nos fazer brilhar os olhos e a alma de forma única e insubstituível, será sempre o que vale mais na nossa vida. O Amor, essa força gigante e poderosa, é a razão do nosso viver a cada instante. Porque apenas o Amor nos faz ser testemunhas da verdade e da justiça. Porque apenas o Amor nos consegue a capacidade de olhar e pensar nos outros antes de nos olharmos e pensarmos em nós mesmos. Porque apenas o Amor nos conquista uma paz e uma serenidade que jamais outra realidade nos alcança. Porque apenas o Amor, essa vontade firme e decidida de fazer o outro feliz, de o tornar a pessoa mais importante do mundo, nos arrebata bem por dentro e nos dá razões para viver autêntica e profundamente do coração. Porque apenas o Amor nos desafia à aventura permanente de surpreender e espantar o outro a cada instante para o tornar "grande", "único", "indispensável" nas nossas próprias vidas.
Quão triste deverá ser uma vida que não crê na "magia" do Amor!
Quão desperdiçada deve estar e sentir-se uma pessoa que não entende que apenas o Amor nos torna profundamente felizes e nos transforma em pessoas determinadas a deixar o mundo melhor do que o encontrámos!
Diante de todas - e são muitas, são incontáveis - as coisas belas que a vida nos proporciona, o Amor, firme, altruísta, puro, transparente, oferecido, será sempre o que vale mais na nossa vida. Vivido de múltiplas formas, apresentado de diversas maneiras, traduzido em indeterminadas "línguas", será sempre o que vale mais em nós e nos outros...
O sorriso de quem se sabe e sente amado é tão grande e tão intenso como o daquele que ama. E como este nosso tempo precisa desses sorrisos que brotam do fundo da alma e do coração!

8 comentários:

  1. Nunca conseguia escrever uma palavra que não sinta,que não venha do fundo do coração,seria enganar-me a mim própria,só concebo a vida com sinceridade, amor e sei perfeitamente que cada partilhar SEU é um coração nobre e cheio de amor que o está a fazer,assim como toda a dedicação a nós, ao blogue e tudo o resto em Sua vida, é um Amor profundo, num coração sereno, onde existe a Paz tão necessária ao amor, para que ele surja e nos contagie.
    Padre António bem haja,"Sempre o que vale mais"amar,amar sereno, onde ele brota sem sequer nos apercebermos

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  2. "Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta" como diz S.Paulo. A dificuldade maior é que o nosso Eu, quando é capaz de amar, deixa de interessar. E o nosso "Eu" é tão forte, tão grande, que nos impede esta entrega que "tudo crê, tudo espera, tudo suporta". Encontramo-lo puro nas crianças mas em mim, só pedindo a Deus que me transforme, que me guie, que me anule, conseguirei às vezes, por momentos, esta grandeza da confiança e da entrega. Beijinhos Pe António, é lindo o que escreveu :)

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  3. "Enquanto ser humano, e como qualquer outro, sinto a sublime necessidade de amar e sentir-me amada pelos demais.
    Mas o amor meramente humano, qualquer que seja a sua forma de manifestação, acarreta sempre, pela própria natureza ainda imperfeita do homem, o frequente sentimento de mágoa ou tristeza, quer por não sermos amadoso como gostariamos, quer pelas demonstrações de amor não corresponderem às nossas expecatitivas ou até por nos sentirmos traidos, pelas pessoas que amamos.
    É nesse momento,que, procurando o Amor maior do Criador, manifestado em Jesus Cristo, Nosso Senhor, sentimos um AMOR tão profunda, tão sublime, tão preenchedor, que ultrapassa tudo quanto de humano seja explicável. Inbuidos desse Amor, passamos a amar-nos a nós próprios, sentindo no coração essa chama ardente do AMOR de Deus.
    Então, preenchidos por esse AMOR, doamos-nos aos outros, nessa flecha de Amor Divino. Mas mais do que isso, passamos a ver em cada outro, porque filho de Deus, o mesmo AMOR com que somos amados por Deus. Provém da mesma fonte o Amor com que amo os outros e o amor com que sou amada.
    E nesta forma de amar, torna-se mais fácil perdoar-me a mim e aos outros e tornar a dor que me provocaram em compaixão.
    Este é o caminho que venho percorrendo na senda do Amor Incondicional, que me permitirá cumprir o único Mandamento Novo que Jesus Cristo nos deixou: Amai-vos uns aos outros, como Eu vos Amei.
    O caminho é árduo, mas a meta é alcancável: Alcançar a Santidade com o propósito de, na eternidade, ver o Rosto e a Luz de Jesus Cristo.

    Amélia Ameixoeira

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  4. Muito obrigado pelas suas palavras. Revejo-me nos seus sentimentos e emoções, nos momentos de vida que partilha.

    Muitas vezes estas palavras serviram-me de enorme inspiração e, por não ter a mesma facilidade de expressão e por elas exprimirem na perfeição o que sinto tantas vezes, cheguei a partilhá-las com amigos e com a minha comunidade.

    Aproveito para também aqui pedir-lhe desculpa por, descuido meu, não ter identificado o autor, e terem sido até publicadas como minhas. Mais uma vez peço-lhe perdão!

    Obrigado pela força e motivação que nos transmite com a sua partilha.

    Que Deus sempre o abençõe!

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  5. Eu acho que, este ´blog´, é mesmo um encontro de gente que desabafa e que pode desabafar, que sabe que pode desabafar.
    Nesta aprendizagem que se faz com os lindíssimos pensamentos do Pe. António, e, falando do amor, eu lembrei-me do tempo em que havia tanto ódio no meu coração. Ódio, raiva, dor, indiferença, que só se poderia ler na minha alma. Mas há sempre quem nos leia a alma...
    Quando me ia confessar, havia duas coisas que faziam parte dos meus ditos ´pecados´ (eu diria imperfeições). E um belo dia, o sacerdote disse-me que estava ali, não só para perdoar, mas para incutir no espírito da pessoa em questão, o verdadeiro caminho que nos leva ao amor. ´Deitar fora´ o ódio, o rancor, a raiva, e, mesmo que eu não conseguisse amar essas pessoas, tinha que tentar dar-lhes crédito (mesmo por vezes sabendo que não mereciam), fazer com que eu acreditasse que era possivel perdoar, e não viver eternamente na revolta. Falou, falou e voltou a falar, a incutir no meu espírito o que deveria ser a verdadeira reconciliação com Deus. Ele disse-me que...não era chegar ali, dizer o que tinha a dizer e “minha filha, os teus pecados estão perdoados. Reza 3 ..... “. Ele é muito diferente. Queria que eu saisse daquela sala e, um dia, que poderia ser passado uma semana, um mês, um ano, o tempo que fosse preciso, eu iria a casa dessas pessoas e iria com amor no meu coração. Era preciso sentir-me perdadeiramente preparada para (no fundo) me sentir bem comigo própria, e mostrar a mim própria o meu verdadeiro coração de cristã. Eles erraram, mas a cristã era eu. Eu é que rezava e ia ao Sacrário agradecer, eles nem sabiam o que isso era.
    O olhar desse sacerdote, mostrou-me, vezes sem conta, que os meus olhos tinham que transbordar amor. As palavras que foram proferidas daquela sala, palavras que ´rolaram´ durante quase duas horas, fizeram-me pensar, foram, aos poucos, moldando o meu coração. Ele mesmo tinha dito naquela confissão, que...eu nunca deveria ir ter com eles sem sentir, sem sentir que, mesmo não tendo feito nada, era eu que lhes tinha que levar um pouco do amor de Deus, daquele amor que tinha crescido dentro de mim, porque eles...nem sequer acreditavam...
    E um dia, comecei a sentir-me diferente com relação a tudo o que pairava no coração. Senti que eles...´coitados, precisam mais de mim do que eu deles, que como nem sequer sabem quem é esse Jesus de Nazaré, era de mim, das minhas palavras, do meu conforto, que necessitam. As palavras do meu confessor, fizeram foror cá dentro e tinham feito finalmente uma marca.
    Bati à porta e depois pedi para se sentarem, pois...precisava de falar com eles. Para continuar, tenho que dizer que ´eles´, eram os meus pais. Sentei-me e disse tudo o que ia no meu coração. Eles ouviram-me e, lembro-me de ter dito: “Não importa quem errou, aqui não estamos num jogo. Importa que hoje terá de ser o 1º dia do resto das nossas vidas. O que se passou...´morreu´, pelo menos para mim.” O meu pai compreendeu e gostou da minha atitude. A minha mãe nem tanto, continuou sempre igual ao seu ego. Não posso descrever o que senti, a satisfação que senti por ter conseguido ao fim de tantos anos... Quando contei ao meu confessor, ele sorriu e só me disse que sabia que aquele encontro estava para breve. Tinha rezado muito por mim e por eles.
    Foi muito bom. Hoje o eu pai está com um problema grave de saúde, e eu senti-me triste por saber que está a sofrer e que com um aneurisma na aorta...pode dar o ´clic´ a qualquer momento. Visito-o e disse-lhe do fundo do meu coração que estava disponiver 24 horas por dia. Que Deus lhe dê o melhor e que bom que foi esta reconciliação, este momento de ´amor´...

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  6. Yeap... o Amor é a Chave!
    Fazem bem, estas partilhas... ajudam a viver :)
    Obrigada, Pe. António :)

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  7. "
    É por amor que nos damos a quem não gosta de nós
    É por amor que cantamos até ter voz
    É por amor que se aposta a vida num segundo
    Porque quando a gente gosta muda tudo até o mundo"
    Palavras de um fado que nos partilhou com todo esse amor que está sempre visível em seu coração

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  8. Eu vivo para amar,ao amar, dar de mim, todo o meu sentir está feliz,não consigo ver alguém falar bruscamente, que tudo em mim entre em desespero e uma força me impele em defesa do mais fraco,sofro as consequências,que importa se eu conseguir até que não se apercebam,muitas vezes me dizem que não pertenço a este mundo,mas não consigo ser de outro modo...assim é minha mãe, que tanto carinho e exemplo me passou e passa,embora debilitada.um dia li algo que me deixou a pensar.
    Um Senhor perguntou: O que vês através do vidro da janela?«vejo homens que passam e não vêm um cego a pedir esmola»
    E através de um espelho?"vejo-me a mim mesmo e já não vejo os outros" o espelho e a janela são feitos ambos de vidro,mas no espelho com a camada fina de prata não vemos senão a nossa presença.
    Pobres vemos os outros,cobertos de prata, vemo-nos a nós próprios.
    Só a simplicidade de coração,sem máscaras,despejados de tudo o que nos impede de ver, podemos viver verdadeiramente a Palavra de Deus

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