sexta-feira, 9 de setembro de 2011

"T.P. - Terço no Parque"

Não posso afirmar que tenha sido um Terço «fácil» aquele da passada quarta-feira. no Paredão do Estoril, rezado juntamente com alguns jovens da Paróquia; sabíamos todos, bem cá dentro, que seria o último rezado ali, com intenções pelo Estoril, as suas gentes, as suas preocupações, sonhos, dificuldades, ambições...
Sinceramente, não sei se se «soltaram» mais «Avé-Marias» do que lágrimas! Afinal, foram tantas, tantas as vezes que tantos de nós ali os congregámos em oração, em prece confiante, nessa construção da Igreja, da Comunidade que enchia e preenchia as nossas vidas...
Olhar e escutar aquele mar, sentir bem por dentro a inquietude das ondas, e impossível de não o fazer, aquela viagem pelo tempo, passando pela consciência e pelo coração tantos e tantos rostos, tantas e tantas histórias...
Talvez tenha até sido mesmo dos Terços mais difíceis de rezar; um Terço sofrido, confiante, mas sangrado, entregue, mas angustiado! Sabia bem que a «história» iria mudar, que aquele espaço deixaria de ser quotidiano em mim e em quem me acompanhava!...
«T.P.» assim lhe chamávamos e era conhecido; T.P. «código» que nos congregava no essencial, que nos fazia encontrar e sonhar, pedir e entregar... resta a esperança que a semente tenha caído em boa terra e outros, de quando em vez, por ali ousem essa aventura tão bela de «chutar Avé-Marias para o Céu».

Todavia, o «T.P.» nestes meus passos, neste meu peregrinar, tem de ser realidade a acontecer; ele significa imensamente mais que o passar das «contas» do Rosário por entre os dedos; é, isso sim, tempo de oração pessoal e comunitário, espaço de intimidade e cumplicidade entre todos os que ousam essa oração simples e aparentemente repetitiva...
Assim, o Terço no Paredão transfigurou-se já no «Terço no Parque», este Parque enorme que se encontra bem diante da casa onde agora moro.
E ontem à noite, dia da natividade de Nossa Senhora (nada é por acaso) começámos quatro corações este T.P. (Terço no Parque) aqui em Carcavelos, na Quinta da Alagoa.
Porque no Reino de Deus não há geografia, sabíamos que, ainda que longe do mar e do som da ondas, sob o «olhar» sereno e sossegado das inúmeras árvores envolventes, tendo como companheiros os patos que deambulavam ainda no lago, rezámos. Rezámos por nós, pelo que tínhamos já vivido em comum, por este Carcavelos que Deus ama, pelas paz nos nossos corações, pelas gentes que aqui são a Igreja a servir e a amar...
Diferente? Sem dúvida. Mas apenas na exterioridade do espaço. Afinal para rezar bem, para rezar a sério, basta um coração crente, uma vontade firme de o fazer, uma intenção definida para confiar ao Céu...
E pedimos que este primeiro Terço no Parque se transformasse em muitos outros, em incontáveis, para que Carcavelos fosse mais e mais terra de Deus, e as suas gentes fossem mais e mais corações enamorados de Cristo e da Sua Igreja.
Ontem fomos quatro; hoje podemos ser mais, menos, quem sabe? E que importa?
O que vale mesmo é a verdade e a simplicidade, a pureza e a transparência do coração que reza. Deus fará o resto...

6 comentários:

  1. Caríssimo Pe. António percebemos neste texto que já não está no Estoril! Mas também nos damos conta que «não pára» e que já deu início à sua principal ocupação: rezar por aqueles que Deus lhe confiou. Acreditamos e afirmamos que a sua partida do Estoril foi precipitada, diplomática e pouco pastoral! Talvez por isso mesmo lhe tenha custado ainda mais esta separação. Mas porque o seu coração é do tamanho do mundo, prefere sofrer em benefício da Igreja do que criar conflitos nesta Igreja ainda tão longe de Jesus!
    Aí, nesse Parque, ou noutro lugar qualquer, nunca desista de rezar, de se confiar ao Céu, pois aí e apenas aí reside a sua força e a sua diferença. Nunca se esqueça disso. Foi para nós o bom pastor porque rezava e punha-nos a rezar: cremos mesmo que não há outro caminho. E breve, juntar-me-ei a esse renovado T.P. pois como sempre afirmou, e bem, «no Reino de Deus não há geografia».

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  2. Saudades do "T.P."...
    Agora de longe, unida em cada Avé Maria, em cada Pai Nosso. E quando puder, aí no Parque, em Carcavelos :)
    Deus é assim...

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  3. Prior, mudou o espaço fisico, mas não o essencial,rezar, por isso o Terço no Parque. Sempre criativo e destemido!
    Uma das muitas coisas que aprendi ou aprofundei consigo foi o não inverter os critérios/ valores, não trocar o acessório pelo essencial. Ser o que se é. Viver a e na Verdade mesmo que muitas vezes isso nos traga sofrimento e não nos entendam porque se está de tal modo habituado a viver das aparências, no faz de conta, no que parece bem, no que os outros possam pensar ou dizer que ser- se coerente é estranho para muitos.
    A Verdade liberta, dá- nos a Paz e isso é o que vale mais.
    Espero que em breve e sempre que seja possível possamos rezar o TP consigo, por si, pelo êxito apostólico da sua missão em Carcavelos, pela Igreja.
    Sempre muito unidos a si pela Oração.

    JR

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  4. Caríssimo Pe. António pelos vistos já não está connosco aqui no Estoril; pelos vistos está já a «inverter» o sistema aí em Carcavelos com esse início de oração mesmo sem ainda ser responsável pela Paróquia.
    Foi isso mesmo que nos ensinou, isto é, a pôr Jesus em primeiro plano, a entregra-Lhe tudo antes de fazer o que quer que seja. O seu testemunho de confiança e se Deus em primeiro lugar, acima de tudo, mesmo que tantas vezes não tenhamos correspondido, ficou gravado nas nossas vidas e, isso mesmo, jamais desaparecerá.
    Que esses Terços lhe tragam a si e a nós a paz que esta mudança nos roubaram; que essa oração consiga o bem supremo da Igreja, a sua conversão, para que não torne a acontecer esta «dor» que a todos nos fere.
    Rezamos por si, pela sua nova missão pastoral, disso fique sempre certo.
    A sua ausência vai ser sentida, mesmo por aqueles que não o compreenderam, o rejeitaram e o injustiçaram. Que Deus o abençõe a nós também.

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  5. Um texto que recordam a vida que aqui pulsou no Estoril. Palavras que relembram entusiasmo, dinamismo, inconformismo e vontade de ir, como tantas vezes nos dizia, «mais longe e mais alto».
    Temo que haja «paragem» senão mesmo retrocesso no caminho percorrido! Sei bem que as coisas para além de diferentes jamais serão da mesma forma, jamais terão o mesmo estilo, nunca mais terão o «sabor» a que nos habituou!
    Peço a Deus que nunca esqueça a novidad que nos trouxe, a exigência que nos pedia cok o testemunho da sua vida, a fraternidade e igualdade, nesse combate para que a Igreja fosse de todos e não apenas de uns quantos. Que sei e sinto vai regredir. Mas seremos muitos a rezar e a combater para que a Igreja aqui gerada na semente do seu trabalho frutifique e não morra nos espinhos da diplomacia, do elitismo e do «tribalismo paroquial».
    Reze pelo Estoril, Pe. António, para que não se perca! Para que seja mais e mais de Deus. Obrigado. Apenas e sempre obrigado.

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  6. Pe. António
    Foi com enorme surpresa, que li sobre o terço no paredão ,não foi do meu conhecimento,fiquei muito triste,porque se alguém me levou a rezar o terço todos os dias foi o Pe. António.
    Não vou dizer que me é fácil ir para Carcavelos,juntar-me a vós,mas ao rezar o terço, todos vós vão estar na minha oração,nunca desista SR.Prior,porque o SEU coração é do tamanho do Mundo,com muito,muito amor.
    Bem Haja o blogue está lindo o mar é lindo,mas a Natureza com suas árvores frondosas não são menos.

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