sábado, 24 de setembro de 2011

"Palavra versus Vida"

"Há palavras que nos salvam
São palavras especiais
Que nos calam, nos embalam
Que nos tocam por demais.
Há que dize-las baixinho
Há que senti-las na voz
Que escutá-las com carinho
Que deixá-las p'lo beicinho.
As palavras pouco valem
Cada um diz o que quer
Mas que digam ou que calem
Ou que deixem por dizer.
Há palavras suicidas
Outras que calam a dor
Criminosas, compassivas
E as que morrem por amor".

Uma música que fala de «palavras», esse «vício» terrível a que sucumbimos todos nós! «Palavras» que sufocam a nossa existência, que asfixiam o nosso caminhar, que pesam sobremaneira sobre o nosso ser!
Falamos de quase tudo; escrevemos sobre quase tudo! Palavras, de facto, não faltam nesta «hora» da História; palavras super-abundam, alias, neste momento da peregrinação humana!
Todavia, pergunto-me se serão «palavras», "compassivas" ou "criminosas", aquilo que precisa o homem contemporâneo. Particularmente todo o homem que se sabe e sente inquieto em questões de fé, em matéria religiosa, em porquês existenciais...
Pessoalmente, assumo que gosto de «palavras», de «textos», de «frases», de «letras»; mas gosto muito mais da vida acontecida, encarnada, na vida dos homens que falam, cantam, escrevem ou dizem essas mesmas palavras.
Pessoalmente, prefiro um silêncio que «fale», que «grite» vida, amor, serviço, entrega, fé, àquelas palavras delicodoces, àqueles sermões espiritualiantes, àquelas homilias piegas ou hiper-piedosas, mas que permanecem desprovidas dessa «veia» existencial daquilo mesmo que é proclamado por palavras.
De facto, "há palavras suicidas" na medida em que «matam» esperanças e procuras, desejos e sonhos! Palavras suicidas que, inicialmente, até embriagam os espíritos, até conquistam corações, até fazem pulular almas e vidas mas que, depois, precisamente porque não enxertadas no quotidiano, porque se tornam «poemas», «literatura» simples, monótona, rotineira, atraiçoam esses sonhos, esses corações, essas vidas, essas inquietações.
Há já muitos anos, o Papa Paulo VI afirmava que o mundo estava cansado de palavras; que o mundo estava carente de testemunhos!
Eis um sentir perfeitamente actual; um ajuizar da fé e da Igreja que parece dita aos crentes deste tempo!
Não faço crítica à palavra ou às palavras; peço que estas se transfigurem em vida, em acção, em testemunho, em história, que move e comove o  mundo que nos envolve e nos olha como cristãos. Peço valentia, ousadia, coragem e sonho para todos nós que nos alimentamos da Palavra que Se fez Carne e nos desafia, permanentemente, a essa aventura divina e excelente de sermos palavra encarnada no nosso dia a dia...
Palavras que «falem» da fé que nos anima porque vivemos aquilo que dizemos, cantamos ou escrevemos. Palavras feitas e transformadas em história a fim de que também hoje de nós, como Igreja, possa o mundo afirmar: "Vejam como eles se amam"!
E nós sabemos bem que não são estas as palavras que os homens afirmam a nosso respeito; talvez até mesmo o contrário! Porque falamos muito; porque amamos e servimos insuficientemente!

6 comentários:

  1. "ora,a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam,e a prova das coisas que se não vêem"
    Hebreus:11:1

    ResponderEliminar
  2. "Maria guardava todas estas coisas no Seu coração"... Falar com a vida...

    ResponderEliminar
  3. Há palavras soltas,que perdem sentido e há sentidos que dão poder ás palavras.
    elas podem ser cruéis e destruir tudo num segundo,como alimentar toda uma vida, depende de quem as profere,e como.
    Espírito santo ilumina-me para que eu consiga entender a palavra, e me contenha ao proferi-la.

    ResponderEliminar
  4. Lindo fundo de blog...Virgem Maria ,nossa Mãe,Maria santíssima,que nos guarde a todos em Seu coração e no Seu Infinito Amor e interceda por nós ao SEU Filho muito amado.
    Pe. António,bem,haja,emocionei-me ao ver,meu coração sorriu de amor e alegria.

    ResponderEliminar
  5. Se a minha alma, pudesse descrever tudo aquilo que as palavras fazem e destroem ,mas não, elas apenas podem ser sentidas ,marcadas para quem as sente em si é como uma pedra que bate e destrói.
    O egocentrismo,orgulho matam...(desculpe) destroem,acabam.
    Porquê meu Deus,porquê que a Palavra de Deus só é escutada e não praticada na vida concreta e todos nos julgamos senhores do mundo e dos ouros

    ResponderEliminar
  6. Há palavras,que são apenas meras palavras, não passam disso,banais,sem força,sem atitude ,sem vontade de nada fazer,ou até de enganar,ferir...
    Palavras são como uma pedra que depois de lançada,não se sabe o estrago que fará,tudo depende de cada um de nós, do nosso interior se dentro do nosso coração está Jesus,o Jesus sentido que nos faz amar a vida,o dia a dia ,mesmo que por vezes difícil mas é DEUS que nos dá cada manhã,cada romper da aurora para vivermos, não como queremos ,mas em função dos outros,porque quando a solidão aperta que não é mais que a necessidade de partilhar,sentimos o que de bom é ter alguém,só em Comunidade podemos ver Jesus,quantas vezes gostávamos de dizer tanta coisa... e da boca não sai uma palavra,ou então sai um simples balbuciar,de algo que nem era isso que queríamos dizer,e porquê?não sei,talvez carinho,timidez, as palavras devem transmitir todo o nosso amor e carinho a quem as recebe para que o nosso irmão sinta isso mesmo,Amor.Quando da nossa vida fazemos isto mesmo, muitas vezes engole-se as lágrimas,mas só assim é viver na terra esperando a vida do Céu,amar,amar,mesmo que as palavras doam.

    ResponderEliminar

Web Analytics