segunda-feira, 29 de agosto de 2011



"Porque Ele está connosco,                              Porque Ele está connosco
Enquanto o tempo é tempo,                              Nesta hora de violência,
Ninguém espere, para O encontrar,                  Pensemos que Ele vive, fala e sente
O fim dos dias...                                                  Em quem padece.
Abrindo os olhos,                                               Alerta, ó almas!
Busquemos o seu rosto e a sua imagem.         Volvamos para Ele os nossos passos.
Busquemo-l’O na vida, sempre oculto              Sigamos os seus gestos com que acena
No íntimo do mundo, como um fogo.                Aos homens, sobre a cruz das grandes dores



Porque Ele está connosco                                  Porque Ele está connosco,
Nos dias de fraqueza,                                         Tal como na manhã
Ninguém espere conservar o alento                   De Páscoa, não faltemos ao banquete
Sem O chamar...                                                Do sangue derramado,
De mãos ao alto,                                                Comamos do seu pão,
Gritemos para Ele a nossa angústia.                 Bebamos do seu cálice divino,
Prostremo-nos, orando, aos pés d’Aquele        Sinal do seu amor até ao fim!".
Que apaga em nós as manchas do pecado

Um hino da liturgia este que escolhi para ser o ponto de partida para a minha partilha de hoje; palavras que mereceriam mil comentários ou, talvez, nenhum, tal a beleza e a densidade de cada palavra inspirada e inspiradora que elas carregam e oferecem!
Relembrei-o ao escutar o Evangelho de hoje e a radicalidade e ousadia a que ele nos desafia. Diante da proposta do Mestre da Nazaré, apetece ter medo, apetece dizer "não", apetece fingir que não se escuta, apetece endereçar essa mesma proposta a quem está ao nosso lado...
Todavia, e para ser possível e viável arriscar nesse desafio divino, só com o nosso olhar bem fixo no olhar de Cristo e Cristo Crucificado conseguiremos balbuciar, sempre timidamente, um "sim"!
No meio de tantas ofertas bem mais facilitistas e simplistas, rodeados que estamos de testemunhos sociais e mesmo eclesiais, anti-evangelho do Reino, quando somos "bombardeados" com posturas e comportamentos, opções e critérios ligeiros e medíocres, não raras vezes provenientes do seio da própria Igreja, importa buscar o Seu rosto e a Sua imagem!
Só aí a verdadeira e profunda escola de humanidade e de eclesialidade, de verdade e de comunhão autênticas. Apenas contemplando esse rosto cuspido, ensanguentado, rejeitado e "amaldiçoado" poderemos ser homens e mulheres de verdade, cristãos dignos desse nome poderoso!
Porque não nos convertemos?
Porque não nos transfiguramos?
Porque não escutamos a Palavra como se fosse dirigida a nós verdadeiramente?
Escutamos, lemos, meditamos, mas sempre a pensar que seja algum outro a dar o primeiro passo, sempre convencidos que cada outro é que tem de mudar, de se converter! Podemos até gostar, amar mesmo, a Palavra ou as palavras sobre a Palavra, mas sempre convictos que elas se destinam a alguém que não a nós!
Não há pobreza maior; não há ilusão maior; não há mentira maior!
"Sigamos os seus gestos com que acena aos homens sobre a cruz das grandes dores"!
Sigamos de olhar erguido para Aquele que nos chama e nos quer mais que ninguém; sigamos de coração aberto e confiante diante d'Aquele que abraça uma Cruz por um Amor que não se escreve, não se diz, não se canta, simplesmente porque ultrapassa o indizível!
Não, ninguém se engane!
Ninguém espere conservar o alento, ninguém procure a paz, ninguém busque ser feliz de verdade, ninguém se julgue Igreja de Jesus Cristo, se não fizer d'Ele a raiz e a causa da sua vida!
Podemos falar imensamente de Deus, podemos escrever todos os dias sobre Ele, mas podemos, ao mesmo tempo, estar longíssimo do Seu Coração!
Se é a aparência que nos guia, se são interesses mesquinhos e mundanos o que nos faz correr, mesmo na Igreja, seremos sempre os mais tristes dos homens!
Há um único caminho: beber do Seu Cálice divino, isto é, beber, viver, da Sua Paixão!
Como afirmava há dias o Senhor Patriarca na JMJ 2011, duas coisas são indispensáveis para sermos felizes: saber abraçar a Cruz e saber amar! Saber e querer!
Sabemos?
Queremos?

10 comentários:

  1. Saber abraçar a cruz e amar o próximo, como modo de vida.
    É esta a forma de estar que o texto de hoje me aponta e que procuro seguir em cada dia.
    Abraçar e amar a cruz, na aceitação da vida e das suas contrariedades, abraçar a cruz aceitando modificar o meu interior, purificá-lo, num caminho sempre ténue, rumo à Santidade. Com a ajuda de Jesus Cristo e de Maria. Só assim é possível a transformação. Sozinha, nada posso, nada consigo.
    É aceitar completar, mesmo na carne, o que falta à paixão de Ciisto.
    Ontem, como recorrentemente me vem sucedendo, enchi-me do dore da carne, no decurso da missa. Fenómeno tão estanho fez-me sentir, por momentos, a dor de Jesus Cristo pelo pecado de todos e cada um dos presentes (inluindo eu, claro). A dor era forte, intensa. Era uma ténue semelhança ao carregar do madeiro rumo ao calvário. Ao chegar a casa, recordei as palavras de Maria, dirigidas aos pastorinhos em Fátima, e rezei reiteradamente:
    "Meu Deus eu creio, adoro, espero e amo-vos. Peço-vos perdão pelos que não creiem, não adoram, não esperam e não vos amam".
    Só o Amor rezado pode salvar a humanidade.
    E Eu quero fazer parte desse Amor.
    Obrigada Senhor Padre António por me despertar para o único caminho correcto: O Amor e Serviço a Cristo, no abraçar diário da sua Cruz.
    M.A.C.A.

    ResponderEliminar
  2. Ao ler todo este sentir, sinto-me pequena ,humilde sem palavras, para dizer nada,eu sinto a Palavra e tudo como se fosse para mim e isso me faz cada vez mais desejar ser de Cristo,com um ardor, que queima e pedir-LHE humildemente que ELE aumente a minha fé e que faça sempre em mim a SUA Vontade ,nunca a minha.
    Sofrer? carregar a cruz? eu quero abraçá-la e com amor e coragem, a carregar,nada que eu faça e sofra se compara ao que ELE sofreu por todos nós.
    Penso que o mal, é que ainda se pensa que Deus está lá e nós aqui tranquilamente, vivendo a nossa vida,vamos à missa,sou cristão,mas não é verdade, tudo na vida tem de ser alimentado ,amado e vivido intensamente foi para o amor que Deus nos criou ,nos deu o Dom da vida. Eu quero saber e amar, e abraçar a Cruz.
    Pe. António
    Obrigado por ser assim,nunca desista ,mesmo que muitas vezes não seja compreendido,só assim nos leva ao caminho de Deus.

    ResponderEliminar
  3. muito bonita esta reflecçao comovi-me bastante sr.padre nota-se que e uma pessoa que ja teve as suas coisas e que tambem sofreu com injustiças e com incompreençoes tal como eu , mas o senhor na sua grande bondade da-nos sempre capacidade de ver o que outros nao veem apesar dos meus muitos pecados sei que ele me ama e todos os dias lhe agradeço o dom da vida , e que va tendo coragem para passar certas tribulaçoes que so me tem feito crescer . tem uma alma grande isso e um dom que tem nunca o perca .

    ResponderEliminar
  4. Jesus Cristo, não pode ser alguém que está, simplesmente diante de nós,mas fora da nossa existência,da vida concreta.
    Não podemos recorrer a ELE só quando temos necessidade, mas sim ser, Senhor absoluto do nosso coração e da nossa vida ,do nosso ser...ELE é o centro de tudo ,da nossa existência.
    Nós, não nos lembramos, que estamos a viver aqui na terra, até Deus querer,por isso é uma preparação, para o PAI do Céu e só temos de abraçar a Cruz, com fé e determinação.

    ResponderEliminar
  5. "Ele está connosco", em cada momento... e em cada momento O abandono!
    De Cristo na Cruz desvio o meu olhar... "perdoa-me, Senhor"...

    ResponderEliminar
  6. Há muito tempo não deixo nenhum comentário ainda que não passe um único dia sem visitar este blog. Ele é alimento para o meu peregrinar. Alimento, força, ânimo, esperança, a que o Pe. António me (nos) habitou de forma tão gratificante.
    Faço-o hoje, a dias dele deixar a Paróquia. Faço-o porque este mesmo texto me relembra de novo o essencial, ou seja, desafia-me a mim e a todos a reerguer o olhar para Aquele que nos sustenta. E para, desta forma tão simples e tão pobre, agradecer ao Pe. António todas as horas, dias e anos que dedicou a este Estoril. Só Deus lhe poderá dar a recompensa pois só Deus sabe a entrega e a dedicação, a paixão e serviço com que ele presenteou a Comunidade.
    Peço que não desista de escrever e de nos «acordar» dos nossos sonos. Esteja onde estiver, pode sempre ser uma preciosa ajuda para quem o não pode ver mas poderá sempre «ler». Faça-nos a muitos, muitos mesmo, esse favor...

    ResponderEliminar
  7. Pe. António não deixe nunca de escrever...não desista de nós ...nós não vamos desistir de SI,nunca...
    bem haja

    ResponderEliminar
  8. Aos responsáveis pelo site Bem hajam ,foi muito bom ,bom mesmo,feito com muito amor ,alegria ,informação e sempre com muita fé em Jesus Cristo que se notava, sempre presente.

    ResponderEliminar
  9. Thanκ yοu for some other great post. Wheгe else may
    just anybody get that κіnd οf іnfo in suсh a рerfеct waу of ωriting?
    I haѵe a ρгesеntatiоn next
    week, and I am at thе seaгch for such informatіon.


    Feel free to visit my wеb site - v2 cigs review

    ResponderEliminar
  10. Yοur meanѕ of dеscribing the wholе
    thing in this artiсle іѕ genuinely gooԁ, еvery one be able to еaѕily κnow it, Τhankѕ a lot.


    Also visit my web-ѕite: Blair
    my web site > Wikicanarias.Com

    ResponderEliminar

Web Analytics