domingo, 26 de junho de 2011

"Dignos de Deus..."

É quase impossível de suportar a Palavra hoje proclamada; porque ela rompe com os nossos esquemas mais tradicionais, ela esbarra com conceitos que temos como imutáveis, ela desorienta as certezas que já acumulámos; ela abana construções que temos por terminadas e definitivas!
Descobrimos e redescobrimos um Deus que chama e provoca a segui-l'O com absoluta fidelidade, sem podermos pactuar com «senhores» outros que cobiçam permanentemente o lugar de Deus na vida e no coração!
Na verdade, apenas é de Deus, somente é discípulo, aquele que o aceita ser na sua completa liberdade. E sabemos todos que ser apóstolo implica o assumir de critérios e de valores, o abraçar de comportamentos e de posturas que, demasiadas vezes, não se adequam à mentalidade vigente, à moda sufocante, às aparências banalizantes, aos facilitismos tão frequentemente acarinhados por nós!
Trata-se de escolhermos se queremos, ou não, ser dignos de Deus, ou seja, se desejamos, ou não, assumir radicalmente a nossa condição de baptizados, de discípulos, de enamorados de Jesus Cristo! E quando se «agenda» o amor a Deus e ao próximo, não se é, portanto, digno de Deus; quando a hipocrisia assume lugar de destaque na nossa conduta quotidiana, não se é, portanto, digno de Deus; quando se vive em função da imagem e da aparência diante do olhar dos outros em vez da verdade e da justiça que Deus vê, não se é, portanto, digno de Deus; cada vez que Cristo e a Igreja são secundarizados por valores que denominamos de nobres e de positivos, de fundamentais e insubstituíveis, não se é, portanto, digno de Deus; sempre que absolutizamos a nossa postura, pensamentos, verdades, e até a própria vida, não se é, portanto, digno de Deus; sempre que fazemos de Deus mais um simples concorrente com as demais realidades que nos podem oferecer a paz e a felicidade almejadas pelos nossos corações, não se é, portanto, digno de Deus!
O caminho é bem claro e está sobejamente traçado diante de nós: Cristo Jesus, servo da humanidade, que lava os pés aos irmãos, e que entrega a Sua vida pela nossa própria vida.
E porque o discípulo não é mais que o seu Senhor, para sermos dignos continuadores desta divina missão, jamais podemos criar evangelhos de conveniência, liturgias de agrado particular, comportamentos legitimados pela nossa inércia e endeusamento pessoais, pregações que minimalizem a Boa Nova do Reino, sermões que obstaculizem a beleza de Cristo e de Cristo Crucificado por Amor!
Evangelhos à nossa medida, espiritualidades de acordo com as nossas vontades, cristianismo reduzido à nossa imagem, fé secundarizada à nossa semelhança, alcança, simplesmente essa Palavra incómoda e escandalosa do texto sagrado hoje proclamado na liturgia de hoje: «não é digno de Mim»!
Importa escolher com ousadia; importa decidir com coragem e determinação: ou por Cristo ou contra Cristo! Jamais haverá meio termo! Para leigos, sacerdotes, bispos! Ou por Ele, ou contra Ele!
Por que ou por quem nos decidimos verdadeiramente?

5 comentários:

  1. Por Cristo,em Cristo ,eu quero toda a minha vida o meu pensamento ,as minhas atitudes,eu quero viver em vós Senhor e peço pelo Espírito Santo que me ilumine ,me dê Sabedoria, para não TE deixar triste Senhor Jesus.

    ResponderEliminar
  2. Nós ao ler toda esta verdade ,que nos é dita no Evangelho,pensamos, como podemos ser "Dignos de Deus" se a nossa vida obedece tanto a regras e prioridades, que nos são impostas,mas eu penso que Deus na Sua Misericórdia, sabe tudo o que se passa em nós, na nossa essência de viver e como nós ansiamos pelo Seu Amor e por fazer a Sua Vontade,Ele vê o nosso coração.
    Padre António tudo em mim mudou,pelas Suas Palavras ,pelo caminho de Cristo que me tem mostrado ,com a sua vida ,a Sua maneira de ser
    e por isso cada dia me sinto mais triste pelo SEU afastamento ,sei que Jesus entrou no meu coração e vai permanecer,sei que também ao longo da Sua vida vai «pescando » outros corações,só assim se é Apóstolo e "Digno de Deus "e esse é O SEU caminho, está reflectido em Seu olhar.
    Sr Prior Bem Haja

    ResponderEliminar
  3. Senhor Padre António, Texto extraordinário! Parabéns. Faltava quem nos diga repetidamente que jamais haverá meio termo. Há que assumir o caminho, na sua plenitude e na sua totalidade. Porque, de facto, e apesar de os sentidos físicos nos enganarem permanentemente, é esse caminho que tudo contém e só ele faz sentido. É a esperança feita palavra.

    ResponderEliminar
  4. "Dignos de Deus
    Como ser dignos, de todo esse amor, que nos foi dado até ao limite, com a própria vida ,se nós desanimamos à mais pequena contrariedade e por vezes pouco coerentes,só com muita entrega humildade,pedindo a jesus Cristo que nos aumente sempre a nossa Fé.

    ResponderEliminar

Web Analytics