terça-feira, 28 de setembro de 2010

"Tempo favorável"

“Vai caminhando desamarrado
Dos nós e laços que o mundo faz
Vai abraçando desenleado
De outros abraços que a vida dá
Vai-te encontrando na água e no lume
Na terra quente até perder
O medo, o medo levanta muros
E ergue bandeiras pra nos deter

Não percas tempo,
O tempo corre
Só quando dói é devagar
E dá-te ao vento
Como um veleiro
Solto no mais alto mar

"E dá-te ao vento
como um veleiro
solto no mais alto mar..."

Liberta o grito que trazes dentro
E a coragem e o amor
Mesmo que seja só um momento
Mesmo que traga alguma dor
Só isso faz brilhar o lume
Que hás-de levar até ao fim
E esse lume já ninguém pode
Nunca apagar dentro de ti

Não percas tempo
O tempo corre
Só quando dói é devagar
E dá-te ao vento
Como um veleiro
Solto no mais alto mar".

E há um grito que é preciso soltar;
uma voz que urge ser cantada;
uma atitude que importa acelerar;
uma decisão que temos de tomar...
agora é o tempo favorável, agora é a hora do recomeço, do «salto», da aventura que nos atirará para a utopia palpável e sedutora de nos sabermos e sermos profetas.
«Como veleiros, soltos no mais alto mar» dados aos ventos desta História que é a nossa, destemidos e ousados, avançemos rumo à mais bela e apaixonante das missões: oferecermos Deus a este mundo sedento de respostas, repleto de inquietações, esvaziado de sentido!
Um lume que nos devora bem por dentro, esse fogo que nos consome e contagia, tem de ser levado a tantos outros corações arrefecidos, a demasiadas vidas congeladas pelo desamor que abraçaram.
Sem amarras nem âncoras que nos prendam ou segurem, sem vergonhas ou medos que nos paralisem, avancemos decididos, em comunhão, de mãos dadas e corações irmanados, à tarefa inadiável de mostrarmos Deus ao Homem que se cruza connosco.
«O medo, o medo levanta muros e ergue bandeiras para nos deter»!
Vencê-lo com as armas da fé e da caridade, é o nosso caminho, a nossa rota, o nosso destino. Mesmo que doa, cortemos as amarras e deixemos o cais da inércia e da indiferença e erguendo o olhar e o coração, disponhamo-nos a revelar um Amor que nos apaixona, uma paz que nos serena, um fogo que não se extingue, um Espírito que nos vivifica: Deus.
Passo a passo, pegaremos fogo ao mundo.
Devagar, mas confiantes. Serenos. Ousados. Decididos. Conscientes. Demo-nos ao vento, como um veleiro no mais alto mar...
No imenso mar que é esta humanidade, esta cidade, esta comunidade, este homem nosso irmão, caminhemos desamarrados de tudo para oferecermos a liberdade que é ser preso ao Céu. À vida verdadeira. A Deus.
Porque este é o tempo favorável.
Amanhã, poderá ser tarde demais.

domingo, 19 de setembro de 2010

"Muda tudo até o mundo"

"É por amor que se aceita e também se diz que não
Só por amor se rejeita outro amor outra paixão
É por amor que se cai, ou se vence ou se resiste
Por amor nada nos dói, por ele não se desiste

É por amor que nos damos a quem não gosta de nós
É por amor que cantamos até já não termos voz
É por amor que se aposta toda a vida num segundo
Porque quando a gente gosta muda tudo até o mundo".

É verdade que se trata da letra de um fado.
Mas não é menos verdade que ele nos fala, relembra, de algo que teimosamente este nosso tempo teima esquecer. Não é menos verdade que estas palavras sublinham uma verdade maior que deveríamos deixar comandar o pulsar dos nossos corações.
«É por amor»!
Ou não é!
E a não ser, tudo quanto somos, dizemos, pensamos ou fazemos, fica comprometido.
O amor muda tudo, até o mundo.
O amor - bem sei que é uma palavra gasta, banalizada, mal tratada - é algo que nos há-de seduzir, arrebatar, conquistar. O amor é aquela «verdade» e aquele «sentir», aquela «experiência» e aquele «horizonte» que tem de nos definir enquanto pessoas e enquanto cristãos.
Bento XVI afirmava há tempos que «só o amor pode salvar o mundo».
E não será exagero afirmar que só o amor pode salvar a Igreja; só o amor pode salvar o homem que somos.
Esse amor que nos faz dizer «sim» e dizer «não»; esse amor que nos leva à aventura do perdão e da reconciliação; esse amor que nos impede de olhar fixamente e em exclusivo para o nosso umbigo; esse amor que nos faz esquecer de nós para corrermos em busca de cada outro; esse amor que, ao jeito de Jesus, nos impele a dar a própria vida e porque a isso somos chamados.
Por isso faz sentido cantar - com a voz e com a vida - que o amor muda tudo até o mundo.
A começar pelo mundo que nós somos, o mundo do nosso coração, o mundo do nosso pensar, o mundo do nosso olhar, o mundo do nosso desejar, o mundo do nosso sentir...
O amor como base sólida de cada amanhecer, enquanto nos for dado o dom de experienciar cada alvorecer, transfiguraria sobremaneira esta nossa humanidade.
Um pequeno passo, um simples desejo, uma humilde sentimento, uma «usada» palavra: amor.
Caminho verdadeiro que nos enche e nos preenche, estrada com sentido e sem fim, que muda tudo, até o mundo...
Um fado... cantado.
Um caminho... vivido.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

"Consolação"

"Senhor, quanta tristeza vejo em Teu olhar,
Gostava de Te consolar.
Eu sei que sofres tanto sem o meu amor,

"Hão-de olhar para Aquele que trespassaram..."
Senhor, eu quero ser melhor.
Senhor, às vezes nem me lembro de rezar, Às vezes esqueço-me de Ti.
Senhor, Tu sofres quando eu não sei amar,
Pois Tu sempre pensaste em mim.
Amor me dás sempre que venho aqui
Amor que dás sem nunca t´O pedir,
Eu sei que, em Ti, sempre vou encontrar.
Senhor, eu quero, assim poder amar.
E vou tentar, Senhor e hei-de conseguir
A minha vida vou mudar.
Gostava tanto que deixasses de sofrer!
Senhor, só quero ajudar".

Celebramos hoje a Festa da Exaltação da Santa Cruz!
Desafiados a erguer o olhar e deixarmo-nos espantar sobremaneira por esse «sinal» que escandaliza, provoca e desinstá-la, abraça e serena: a Cruz.
Demasiadas vezes obcecados com o nosso «umbigo», frequentemente fechados nas nossas próprias redomas, nao conseguimos já vislumbrar esse poderoso testemunho de Deus manifestado e revelado na «fraqueza» de uma Cruz, na humilhação de uma Morte que nos alcança a Vida!
Olhar a Cruz!
Contemplá-la!
Adorá-la!
Porque nela Aquele que de tal modo nos ama que Se entrega até ao fim do Seu fim!
Erguer, reerguer o olhar para poder ver - com os olhos da alma e do coração - o «estrondo» da Cruz, a força do Amor, a eloquência da Paixão de Deus por aquilo que é cada um de nós.
Naquele Coração trespassado, n'Aquele Lado aberto, eu caibo, tu cabes... eu posso entrar, tu podes entrar...
No cimo de um Madeiro, eis Deus que espera o encontro, o abraço, derradeiro, definitivo!
Consolá-l'O diante de tamanho Amor!
Porque a ingratidão humana teima, porque o egoísmo dos homens grassa, porque o nosso pecado obscurece a beleza da vida, importa consolál'O com o nosso coração disposto à paz e à reconciliação, à verdade e à justiça, à generosidade e à simplicidade...
Ele sofre quando eu não quero amar!
Aí, nesse momento de fraqueza, ergamos o olhar!
Contemplemos Deus de braços abertos nesse esforço divino de abraçar toda a humanidade.
Contemplemos Deus de Coração aberto buscando apenas o desejo de n'Ele redescobrirmos o nosso verdadeiro repouso.
A Cruz, sim, a Cruz, não pode mais ser um mero sinal exterior, um banal amuleto, que ostentamos no nosso peito!
A Cruz, o Crucificado, o Abandonado, Aquele que pede a minha consolação, o Amor, não é amado.
Ergamo-nos, decididos, para que a nossa vida, toda ela, nas coisas simples e banais do nosso quotidiano, seja um hino de consolação.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Perder? Ganhar?

"ESTA ES LA HISTORIA DE UN MENDIGO
A QUIEN DIOS DECIDIO VISITARLE
ENTERADO DE ESTA NOTICIA
SE DECIA A SI MISMO
DIOS VIENE A VERME
POR FIN ME DARA TODO LO QUE NECESITO
EL SEÑOR LLEGO HASTA DONDE EL
Y DE RODILLAS LE PIDIO
DAME ALGO DE TI
A EL MENDIGO LE DIO MUCHA RABIA
ESA ACTITUD DE DIOS
ENFADADO SACO DE SU BOLSA UN TROCITO DE PAN
Y SE LO DIO

EL SEÑOR LE BESO EFUSIVAMENTE
Y MUY AGRADECIDO SE MARCHO
MUCHO TIEMPO DESPUES
EL MENDIGO VOLVIO A ABRIR SU BOLSA
Y SE ENCONTRO EN ELLA
UNA HERMOSA MIGA DE PAN DE ORO
ENTONCES SE DIJO
QUE BUENO ES DIOS
AHORA COMPRENDO
POR QUE ME PEDIA EL A MI

QUIEN PIERDE SU VIDA POR MI
LA ENCONTRARA, LA ENCONTRARA, LA ENCONTRARA

QUIEN DEJA A SU PADRE POR MI
SU MADRE POR MI
ME ENCONTRARA, ME ENCONTRARA
NO TENGAS MIEDO, NO TENGAS MIEDO
YO ESTOY AQUI, YO ESTOY AQUI

QUIEN DEJA SU TIERRA POR MI
SUS BIENES POR MI, SUS HIJOS POR MI
ME ENCONTRARA
NO TENGAS MIEDO,
YO CONOZCO A QUIENES ELEJI
A QUIENES ELEJI
QUIEN PIERDE SU VIDA POR MI
LA ENCONTRARA, LA ENCONTRARA, LA ENCONTRARA"...

Não seriam precisas palavras diante destas!
Elas falam eloquentemente da verdade maior no coração do que crê verdadeiramente; elas relembram a relação, o mistério, a beleza e a gratuidade de Deus para com cada um de nós.
Ao «olhar» para o horizonte que se ergue diante de mim, um novo ano pastoral com tudo o que isso significa de sonho e de trabalho, de medo e de esperança, de novidade e de entrega, de receios e de sorrisos, de graça e de desgraça, estas palavras, verdadeiramente, soam como bálsamo que serena o coração, fortifica a humanidade, suaviza a alma, desafia o espírito...
Perder para ganhar!
Perder-se para ser ganho!
Perder-se para ser encontrado!
Perder-se para viver verdadeiramente!
Uma longa estrada a percorrer; um caminho que oferecerá obstáculos e paisagens maravilhosas, trilhos que precisarão de esforço, persistência, confiança, abnegação, perda para que se torne ganho, vitória, encontro, meta, vida.
Caminho desconcertante, para muitos obsoleto, para tantos outros sem sentido...
Caminho de perda de nós mesmos para sermos, a sério, ricos e grandes, fortes e únicos...
Caminho de sentido único para quem tem o dom da fé, da esperança e da caridade no coração.
Caminho de verdade e de vida para quem não se deixa conformar com os descaminhos apontados como futuro prometedor, mas claramente vazios de saídas e de regressos!
Perder, gastar, a vida por Deus para a reencontrar mais plena, mais forte, maior.
Só assim faz sentido recomeçar; apenas dessa forma conseguiremos «passar à outra margem do lago»; estrada de Damasco que nos permitirá o encontro com o Deus da vida verdadeira.

domingo, 5 de setembro de 2010

"Deus é assim"

"Deus é assim... sabe mesmo arrebatar!
Inquieta a alma e entra assim, sem avisar..."

De forma muita intensa e muito bela, muito profunda e agradecida, vivi hoje na minha Comunidade estas palavras certeiras e concretas, objectivas, reais, acontecidas, amadas...
Quatro jovens desta Paróquia testemunharam hoje, diante de centenas de paroquianos a sua decisão de entrarem amanhã no Seminário. Dois recomeçam a caminhada; os outros dois entram pela primeira vez nessa «estrada» de discernimento, de busca, de desejo autêntico de quererem ser mais e mais de Deus.
Percebemos naqueles corações grandes como Deus sabe mesmo arrebatar!

Olhamos e acreditamos naquelas palavras partilhadas como Deus inquieta, desassossega a alma e entra assim, sem avisar!
Neste «sim» de cada um destes jovens acolhemos as maravilhas de Deus que teima em amar e salvar o Seu Povo, a Sua Igreja. Projectos, sonhos, desejos, expectativas, pessoais que decidem secundarizar para intentarem descobrir a vontade de Deus a seu respeito. Sinais de que Jesus continua a apaixonar profundamente, a arrebatar e a seduzir imensamente.
Como me senti grato diante daqueles jovens e dos seus testemunhos.
Como senti uma alegria e comoção indizíveis ao olhá-los, escutá-los, amá-los, pois que se predispõem a dar a vida por mim, por cada outro, pela Igreja.
Independentemente do fim do caminho a que essa mesmaestrada levar, cada um tornou-se, hoje, para mim, para nós, luz de esperança que me fizeram renascer. Foram "minha estrada de Damasco, trilho de Emaús... Hoje sei que renasci ao conhecer-te, pois ao encontrar-te, ao encontrar-te, eu redescobri Jesus".
O corpo está cansado, exausto, após mais um Domingo carregado de actividades.
A alma serena, leve, suave, agradecida...
Por esses quatro jovens que amanhã entrarão no Seminário.
Por esses outros, muitos mais, que neste preciso momento rezam o Terço no Paredão...
Por cada um desses corações generosos, rebeldes, irreverentes, fracos e frágeis, às vezes irresponsáveis e incoerentes, mas corações inquietos, à procura, desejando mais e melhor...
E é em corações assim, desassossegados, que Deus teima e consegue arrebatar, que Deus provoca, inquieta e entra assim, sem avisar...
Bendito seja Deus!
"Não é digno de Mim"

«Se alguém ver ter comigo e não Me preferir aos seus familiares, não pode ser meu discípulo; quem não toma a sua cruz para Me seguir, não pode ser meu discípulo; quem não renunciar a todos os seus bens, não pode ser Meu discípulo».
Palavras exigentes do Senhor Jesus, que provocam a nossa inércia e apatia; palavras que desassossegam os nossos comodismos e instalações, que desarmam as nossas consciências sempre tranquilas e serenas diante do que já fizemos, partilhámos ou vivemos!
Estas sentenças de Jesus, escutadas no Evangelho deste Domingo, pretendem definir as verdadeiras características do discípulo. Quando pensamos e nos convencemos que somos de Deus porque celebramos a Eucaristia, fazemos as nossas orações, abraçamos determinadas espiritualidades, o Mestre da Galileia vem esclarecer-nos que apenas somos d'Ele na medida em que O colocamos, profunda e autenticamente, no centro da nossa existência, quando O temos como meta e horizonte do nosso caminhar, como razão primeira e última da nossa vida.
Ser discípulo é mais, é imensamente mais, do que uma simples pertença sócio-religiosa! É mais, é imensamente mais, que um gesticular de rituais ou o afirmar de verdades dogmáticas, por mais profundas, sábias ou espirituais que elas sejam!
Com efeito, a Jesus nunca lhe importou a «massificação» de seguidores, a quantidade de aderentes; ao Mestre de Nazaré importava a qualidade dos discípulos, a pureza e verdade dos seus corações, a adesão gratuita e incondicional das Suas propostas, por mais radicais ou utópicas com que as possamos definir!
O medo dessas palavras, a ligeireza com que demasiadas vezes escutamos a Palavra proclamada, a supérflua interpretação que dela fazemos, segundo os nossos critérios sempre tão terrenos e mundanos, apenas conseguem a adulteração daquilo que Jesus pede à Igreja, a cada um de nós!
Continuo a acreditar que é a exigência que nos prende, que nos seduz e apaixona a grandes ideais. O facilitismo das propostas do tempo actual não conseguem arrebatar as nossas forças, energias e entusiasmos profundos.
Hoje é relembrado a cada um de nós a força de uma Palavra, que incomoda, que desinstala e desassossega. Mas uma Palavra que, feita vida em nós, se transforma em sal e fermento de uma nova humanidade. Escolher Jesus e o Seu Reino, em detrimento dos mais nobres valores e ideais humanos será sempre o único caminho para a pertença ao Céu.
Intentar «baixar a fasquia» da exigência evangélica apenas nos alcançará como resposta a questão sempre actual e pertinente de Jesus: "Também vós vos quereis ir embora?".
"A quem iremos nós, Senhor; só Tu tens palavras de vida eterna" , respondeu Pedro, já consciente da sua fragilidade e pretensão mundana!
Sejamos nós capazes de acreditar que a Palavra de Deus vale mais, imensamente mais, que todas as palavras humanas e decidamo-nos a esse seguimento incondicional.
Aquilo que sempre será considerado loucura para o mundo, torna-se, na fé, sabedoria de Deus. E apenas essa mesma sabedoria nos importa alcançar e viver.
Na verdade, temos de acreditar que não importa tanto sermos muitos; vale apenas sermos bons, sermos santos. Apenas dessa forma seremos "sal da terra e luz do mundo"!
Na medida da nossa entrega confiante a essa Palavra nos escusaremos a escutar aquela outra: "Não é digno de Mim"!

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

"Um sopro, um brilho..."

"Eu sinto que vem do céu
Um sopro leve,
Um vento quente que nos aquece,
Um sopro vivo que vem de Deus.
Um vento que acalma o ser
"Passo a passo... pegaremos fogo ao mundo"
E envolve a alma
Do mesmo modo que o mar se acalma
Logo que as ondas se vão deitar

Eu sinto que vem do céu
Um amor imenso
Que se transforma em nuvens de incenso
Um amor suave que vem de Deus
Um amor que nos transforma e alumia
Tal como a noite dá a vez ao dia
Quando as estrelas se vão deitar".

Não se consegue negar que «paira» no «ar» que nos rodeia algo de novo, de diferente, de gozoso, de encantador.
Há um brilho no olhar, no sorrir, no andar, no viver.
Se nos atrevermos a perscrutar que «brisa» ou que «sopro» nos envolve, depressa perceberemos a Fonte dessa força e dessa beleza que nos quer contagiar a todos: Deus.
Adolescentes, jovens, acabados de chegar dos Campos de Fé(rias), trazem tatuados no coração os sentimentos próprios de quem se deixou encontrar e arrebatar por Deus. Eles são a tradução mais perfeita e e actualizada desse «amor que nos transforma e alumia», desse «amor suave que vem de Deus». Eles são a certeza da nossa aposta, a paz e a verdade que outros ventos teimam roubar-nos, a transparência e o sonho que deixámos de abraçar. Eles revelam aquela profundidade e aquela alegria que perdemos com facilidade. Eles são a harmonia bonita apesar das suas fraquezas, rebeldias e fragilidades.
Eles são «vento quente que nos aquece», são «aragem serena que nos refresca», «vento que acalma o ser e envolve a alma».
Saber ser, querer ser, aprendiz desse «vento», desse «sopro» que esses nobres corações nos oferecem!Perceber, acreditar, aceitar, que nós adultos podemos também ser cumplicidade dessa alegria e dessa «garra», sempre que nos despimos das roupagens da aparência e da imagem que nos envolve, seduz e vence!
Tornar a crer no coração. Nesse santuário de vida verdadeira, nessa torrente de humanidade e de gozo que podem transformar-nos em «novidade» permanente para o mundo que nos rodeia.
Tornar a crer nos afectos, na ternura, nos sentimentos. Derrubando muralhas e construindo pontes, para que Deus nos olhe e possa, simplesmente, sorrir.
Brilho novo no olhar, no andar, no viver, que tem a potencialidade de nos contagiar a nós; a outra possibilidade é a de sermos «apagadores» desse «fogo» que nos arde bem diante dos olhos. O medo ou a ousadia, o comodismo ou a aventura, a inércia ou o compromisso, são os trilhos que havemos de percorrer.
Qual será a nossa escolha?
Porque, com mais ou menos consciência, teimosamente, permanecerá sobre nós "um sopro leve, um vento quente que nos aquece, um sopro vivo que vem de Deus".
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