domingo, 11 de agosto de 2013

"Reflectir, para agir..."


O tempo de férias ajuda, naturalmente, a um olhar mais aprofundado sobre nós mesmos; um olhar mais preciso acerca da nossa vida e a sua envolvência, ou seja, sobre quem somos verdadeiramente, que temos feito, que nos faz "correr", que horizontes, vontades, sonhos, desafios... comandam o coração...

Este Domingo a Liturgia da Palavra ajuda nesta reflexão que se pede a cada um seja sincera, autêntica, profunda, penetrante...
A Palavra de Deus desafia a olhar para o Infinito, para a
Eternidade, e a acreditar que esse é um tesouro, ou melhor, o tesouro, que havemos de querer adquirir, conquistar, com todas as nossas forças, com toda a nossa inteligência, com todo o nosso coração.
Diante de uma sociedade e de um tempo que apela desmesuradamente à conquista de coisas, de bens, nós cristãos, deveríamos ser anunciadores, profetas, de uma outra cultura, de uma nova "ordem", de um renovado "sentir" e "pulsar" da existência!
Na verdade, decerto já todos percebemos que a nossa felicidade e bem estar, a nossa realização pessoal, humana, não consiste jamais no adquirir mais ou menos coisas, no vestir esta ou aquela marca, no conduzir este ou aqueloutro automóvel...
Há um "tesouro" maior, supremo, definitivo, que importa acreditar, aceitar, acolher, viver, para o poder, com credibilidade, partilhar e oferecer a quantos ainda se perdem e padecem dessa enfermidade tremenda que é a "fome" de protagonismos mundanos, a sede de coisas e de bens, uma existência levada à saciedade e ávida de "posses" e "poderes" que desaguam sempre - mais cedo ou mais tarde - em angústia, solidão, desespero, insatisfação, conformismo e ansiedade nunca resolvida!
Não, não temos que sublinhar, abençoar ou pactuar com este mentalidade consumista, idólatra e vazia que pretende encharcar-nos de convicções de que valemos pelo que temos ou não temos; nós, cristãos, deveremos ser os primeiros a viver essa cultura outra que nos realiza e serena que nos move e assegura que valemos pelo que "somos" e jamais, e nunca, pelo que temos, pelo que amealhámos, pelas coisas conquistadas!
Em férias, bem podemos reflectir acerca de que "cultura", de que caminhos, temos entregue o nosso coração e a nossa vida. Particularmente nós, ditos discípulos de Jesus de Nazaré.
De facto, aplaudirmos as "Bem-Aventuranças", afirmarmo-nos felizes e realizados porque seguimos a Cristo, "embandeirarmos" em profetas da paz e da justiça, da simplicidade e da verdade, anunciarmos por palavras que sonhamos e queremos um mundo mais fraterno e solidário, etc., e depois sermos os primeiros "porta-vozes" da desigualdade, do capitalismo selvagem, da ânsia e da ganância, da inveja e do ciúme desenfreados, é sinal de que estamos longe, mesmo muito longe de autenticidade e verdade da fé que professamos!
Em férias, um libertador exame de consciência, é um excelente tempo bem aproveitado e retemperador para um "amanhã" breve que se avizinha sempre perto...

terça-feira, 28 de maio de 2013


Palavras? Vida? Desafio?


Já lemos; já partilhámos...
Porque nos parece importante; porque acreditamos ser verdade!
Porém, porque será que as "coisas" não se alteram?!
Podemos reler...

Conversas destrutivas, calúnias e difamação são pecados na Igreja 

O cristão deve vencer a tentação de se envolver na vida dos outros: foi o que disse o Papa Francisco na missa celebrada esta manhã na capela da Casa Santa Marta...

O Papa Francisco destacou as invejas que fazem muito mal à comunidade cristã e que não se pode "dizer somente a metade que nos convém".

Com isso, "acabamos na inveja, e a inveja enferruja a comunidade cristã" – disse o Papa Francisco. Em segundo lugar, o que prejudica são as conversas negativas.

"Tantas conversinhas na Igreja! Tanto falamos nós os cristãos! Isso é fazer-nos mal, ferir um ao outro... É como querer diminuir o outro: ao invés de crescer, faço com que o outro fique menor e eu me sinto maior. Isso não é bom. São como os rebuçados. Depois de muitos, vem a dor de barriga. As conversinhas são assim. É doce no início e depois destrói, destrói a alma."

Ao falar mal dos outros, fazemos três coisas: a desinformação, a difamação e a calúnia. "Todas as três são pecado", disse o Papa.

E que fazemos?
A que estamos dispostos?
Acreditamos que são palavras para nós, em concreto, ou teimamos em destiná-las e endereçá-las aos outros?
É fácil ler, mais ainda partilhar...
Difícil, mas belo, ousado, cristão, é predispôrmo-nos a acolher e a viver nós mesmos estas palavras. Senão é tudo apenas - e mais uma vez - palavras...


Urge que nos convençamos que os desafios lançados pelo Papa são destinados aos nossos corações e às nossas vidas! É para nós, a Igreja, que fala o Papa Francisco. De nada valerá "gostar" dessas mesmas palavras se as não procurarmos encarnar bem nos nossos corações!

Se as palavras do Papa forem apenas isso - isto é palavras - a Igreja permanecerá na mesma, pois que a inércia será a nossa "palavra de ordem"!!!
E é pena; mesmo muita pena!!!

quinta-feira, 2 de maio de 2013

"Igreja Mãe/igreja madrasta?!"

Temos lido nos Actos dos Apóstolos nas nossas Eucaristias aquela tensão entre a Igreja nascente que se dividia nas exigências a aplicar aos gentios convertidos à fé cristã; discutiram, pensaram, reflectiram, rezaram sobretudo, e perceberam e conseguiram distinguir o essencial do acessório, o "profundo" do "epidérmico"...
Perceberam e acreditaram que o que era mais importante era, precisamente, não colocar "fardos pesados" aos ombros dos homens, com regras, leis, gestos e tradições religiosas, mas sim libertá-los oferecendo-lhes a beleza do Mandamento Novo, falar-lhes e anunciar-lhes a ternura, a misericórdia, o perdão e a paz que Jesus é; perceberam e acreditaram que apenas o "coração" de Jesus os podia vencer e convencer bem por dentro, mais que o cumprimento ou a vivência escrupulosa de regras e leis que em nada brotavam do coração...
Assim hoje, a Igreja há-de pensar e repensar, com ousadia e liberdade, se aquilo que anuncia e propõe é Jesus misericordioso e salvador ou regras, imposições, moralismos, liturgias, exigências, que são mais "fardos pesados" que espiritualidade libertadora e adesão existencial.
Não é difícil cairmos na tentação de exigir e impor aos outros as regras que aprendemos, as verdades que fomos adquirindo e transformando em dogmas, as certezas que fomos acumulando e e transfigurámos em evidências absolutas e imutáveis. Tentação que desvirtua o essencial, que ofusca Aquele que ama e salva, que obscurece Quem verdadeiramente, afinal, nos ensinou e deixou como herança um Mandamento!
Havemos de ter cuidado para não sucumbirmos - por mais tempo - às contendas e discussões estéreis daqueles primeiros, intentando subjugar com artimanhas religiosas e mandamentos espiritualizantes aqueles que apenas precisam e pedem que lhes mostrem o rosto do Senhor Jesus!
Parece-me que este é o "tempo favorável" para repensar leis, costumes, tradições e cânones que se foram impondo nas nossas cabeças e nos nossos corações deixando pouco espaço para O verdadeiro Redentor e a Sua Palavra, a única que não passa e que nos encaminha a todos do Céu.
Somos, penso, desafiados a uma reflexão séria e profunda, cristã, evangélica, para definirmos categoricamente a e as formas, a e as linguagens, a fim de apresentarmos ao mundo de hoje Aquele que permanece como Caminho, Verdade e Vida de todos e cada um dos homens.
Não haverá legalismos a mais?!
Não estaremos a pedir que outros carreguem e suportem fardos diante dos quais nós mesmos nem com o dedo queremos tocar?!
Será a nossa linguagem a da caridade, a do acolhimento, a da dedicação, a do despojamento, a da misericórdia, a da aceitação das diferenças?!
Estaremos, com as nossas palavras, regras, exigências, leis, a ser uma Igreja que concilia e reconcilia, que atrai e seduz os homens para Deus?!
Vivemos uma espiritualidade, um cristianismo de inclusão, de comunhão, ou teimamos em segregar, em marginalizar, em afastar, porque outros não pensam, não celebram, não falam, não vestem, não rezam, como nós?!
Somos uma Igreja que não se envergonha de chamar irmãos a cada outro, que não tem medo de dar a mão "à diferença", ou permaneceremos embrulhados num credo que se reduz a apontar, a discriminar, rotulando e estereotipando, conseguindo apenas "afugentar" os corações que Deus chama a Si?!
Não, não temos que cair na órbita do "facilitismo" nem sequer de um "Cristianismo Light"! Apenas ser fiéis ao Evangelho... isso nos basta; isso bastaria ao mundo de hoje, de cada tempo...
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